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Atualizado: 17 de junho de 2025
Era quasi um soldado; muitas vezes dizia que a sua morte havia de occasional-a uma bala perdida. Viera com o exercito a Hespanha e Portugal, com a mesma facilidade com que iria, licenciada pelo commandante do regimento, visitar as Ardennas, sua patria. Contava agora dezoito annos, e estava em todo o vigor da sua gentil formosura. Gentil é a palavra; por isso lhe chamavam lá gentille vivandière.
E bastou esse momento para a suppôr mobil d'uma infamia inaudita, a ella, que momentos antes lhe pedia unicamente, a troco da liberdade promettida, que a deixasse seguil-o como o fiel molosso seguia o cego das Ardennas. Era, porém, corajoso de mais para succumbir aos perigos d'uma traição.
As almas das restantes mulheres não se levantam do nivel commum ao femeaço que segue tropa. São grosseiras, sensuaes e malevolas. Rosina respira melhor entre os soldados do que entre ellas. D'aqui uma certa rivalidade apenas contida pelo respeito com que todo o exercito acata á filha do bravo militar das Ardennas. Todavia a «gentil vivandeira», como mariposa que é, não se demora no ambiente infeccionado em que ellas respiram; evita-as como a pantanos miasmaticos, sem lhes dar a conhecer que o muladar unicamente é povoado por vermes. Passa inquieta e ao mesmo tempo cautelosa, agitando as suas azas iriadas. Atravessa o lodaçal sem tocar-lhe. Guarda para si o nectar que vae libando nas flôres perfumadas da sua phantasia.
Seu pae, o bravo official das Ardennas, sentindo-se morrer dos graves ferimentos que recebera, pediu ao velho camarada, no momento de confiar-lhe a filha, que lhe entregasse aquella madeixa que elle cortára do seu proprio cabello, para que ella possuisse sequer alguma coisa que o tornasse lembrado.
Um filho! exclamaram os dois soldados que piedosamente o soccorriam. O ferido continuou a delirar: Tudo perdeu por mim... Como era grande o seu amor!... Pobresinha... Para traz, francez; quero ir vel-a. Estás ahi? Sempre ao pé de mim! Sim... bem me lembro... o ceguinho das Ardennas e o seu cão... Não ouviste chorar uma creança?
Estiveram nas Ardennas, onde os camponezes sahiam em ranchos a ouvil-os. Alguns d'elles, vendo o guitarrista esquecido a olhar para o cimo das montanhas, com o braço paralysado, diziam entre si: Aquelle homem não tem a razão clara! Passando-se depois a Pariz, encetaram o viver errante dos passaros.
O soldado que respondera era, como calculam, a vivandeira das Ardennas. Chegados á rua, Rosina Regnau apertou convulsamente o braço de Graça Strech e segredou-lhe: Nunca se esqueça de que n'este dia, e a esta hora, lhe dei a liberdade, roubando-a a mim mesma. Nunca! respondeu elle commovido. E, como sentissem aproximar-se uma ronda, estugaram o passo, caminhando sem norte.
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