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Atualizado: 27 de junho de 2025
Lá vae, oceano fóra, vento em pôpa, a alforreca, emissaria obediente e ufanosa do encargo.
Decidiu-se emfim a perguntar: «Que pensa você que vão fazer de mim na sua terra?» A alforreca deveria agora ser discreta, encapotar as respostas em evasivas; mas oiçam lá o que ella deu em troco: «Eu lhe digo: meu amo, rei dos dragões, ordena ao senhor macaco que arranque o proprio figado, o qual vae ser servido á nossa soberana, hoje enferma, e salval-a da morte.» Então o mono, guardando para si os commentarios que o caso suggeria, disse cortêzmente, que era para elle uma alta honra e um esperado prazer, o assim tornar-se util a sua magestade; acrescentou, porem, que agora se lembrava de ter deixado o figado dependurado n'um tronco de arvore, aquelle mesmo castanheiro d'onde saltara para as costas da alforreca.
A historia da alforreca está contada, na sua simplicidade commovente.
Mas esse monstro, essa disformidade, essa alforreca que se apresenta como unica excepção da lei geral da gentileza da vida, e parece resumir em si o enfado inteiro d'um dia de mau humor do Omnipotente, devia ter deixado impressões tristes nos primeiros japonezes que a avistaram; e foi preciso arranjar logo uma explicação condigna do phenomeno, e é a que ficou descripta n'estas linhas.
Não pôz objecções a nadadora. Voltando á terra, o macaco saltou ao castanheiro com uma ligeireza nunca vista, nem mesmo entre macacos, acompanhando o pulo d'uma alegre careta e d'um gesto que traduzia o jubilo do bestunto, coisa que passou estranha á alforreca. Procurou entre as folhas o seu figado. Não o encontrou.
Explicou então do alto, á alforreca, que provavelmente algum companheiro o levára para longe, o que o obrigava a mais demoradas pesquisas pelo bosque; no entretanto que fôsse ella contar o caso ao seu senhor, que devia estar ancioso por vêl-a chegar antes da noite. Assim procedeu o bicho.
Mandou chamar a sua escrava mais fiel e dedicada, a alforreca, e disse-lhe o seguinte: «Vou dar-te uma espinhosa tarefa, minha velha, mas confio na tua dedicação nunca mentida; preciso que emprehendas uma longa viagem, que nades até junto da terra, e alli convenças um macaco a vir comtigo a estes meus reinos; falla-lhe, para o resolveres, da magica belleza d'estes sitios, tão differentes dos seus, e da gentileza d'estes meus subditos felizes; mas o que eu realmente quero n'este caso, é que se arranque o figado das entranhas de tal mono, e se sirva como medicamento á tua joven ama, que, como de certo sabes, se acha em perigo de vida, a desditosa.»
Por aquelles tempos, a alforreca, como qualquer bicho das aguas, era um animal gracioso, de contornos esbeltos, com cabecinha, com olhinhos, com mãosinhas, e com a competente cauda titillante; e ficava-lhe tão bem o fato de marujo!... Lá vae, oceano fóra, olhar sereno e cogitador, rompendo a vigorosas braçadas a onda fria.
Eu também não desgosto de vez em quando arriscar duas ou tres duzias de libras. Gil de Carvalho estremeceu de jubilo; Bernardo de Paiva exultou de contentamento. Encontrava um meio de adquirir uma ou duas duzias de moedas, jogando sempre na alforreca. Quem ha de fazer o monte? eu não por certo, disse o visconde, foi coisa para que nunca tive geito. Nem eu tão pouco, acudiu o commendador.
Diga-se francamente: esta desgraça da alforreca, no paiz do sol nascente, era inevitavel; e o caso presta-se a interessantes commentarios, que eu vou resumir em poucas linhas.
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