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Com quanto eu seja um pouco preguiçoso em escrever, e ainda hontem lhe tenha enviado a segunda carta sobre o extraordinario caso das Victoreiras, não posso resistir á tentação de voltar hoje ao assumpto para lhe communicar que por carta recebida agora do correio do Porto fui ameaçado de não sei que medonhos perigos no caso de proseguir na veridica historia da morta ou viva.

Onde ia a pobresinha? Procurar o morgado ao Porto. Foi andando, andando, rasgando os pés nas burguas das serras, rompendo a escuridão, arquejante, timida do menor ruido, resoluta da coragem que o desespero, até que, cerca das onze horas da noite, cahiu extenuada ao sopé das Victoreiras. N'este lance entronca a minha primeira carta bastante a explicar o mais que se passou.

Effectivamente pude orientar-me melhor nos episodios que precederam o caso das Victoreiras, o que de nenhum modo quer dizer que eu modificasse absolutamente o meu primeiro juizo. Ainda assim cumpre-me restabelecer a verdade dos factos. Da parte d'elle não houve a minima culpa no incidente d'aquella noite.

Finalmente não havia remedio senão conformar-me ás circumstancias; o homem nasceu para joguete; fui pois o que tem sido e ha de ser perpetuamente o meu similhante. Cerrou-se-nos inteiramente a noite ao sopé das Victoreiras. O arraes deu voz de lançar ferro; os marinheiros iam cansados de tirar o barco á sirga e logo saltaram em terra para queimar sobre gravetos o seu bacalhau.

Quando o barco passa por baixo das Victoreiras, e se no alto, ameaçando eternamente despegar-se, aquella enorme avalanche negra, informe, nem siquer lembra que os fraguedos, que se encastellaram um dia, por uma evolução da natureza, podem rolar e precipitar-se alguma hora, por outra evolução imprevista. Contenta-se a gente com ouvir da bocca dos marinheiros uma tradição do sitio.

Palavra Do Dia

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