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Atualizado: 20 de setembro de 2025
72 Era no tempo alegre, quando entrava No roubador de Europa a luz Febeia, Quando um e outro corno lhe aquentava, E Flora derramava o de Amalteia: A memória do dia renovava O pressuroso Sol, que o Céu rodeia, Em que Aquele, a quem tudo está sujeito, O selo pôs a quanto tinha feito;
Deita-se aos pés da Nympha endurecida, Que do cioso engano está aggravada; Ja lhe pede perdão, ja pede a vida. Oh fôrça d'affeição desatinada! Que da culpa contr'elle commettida, Perdão pedia á parte que he culpada! Seguia aquelle fogo, que o guiava, Leandro, contra o mar e contra o vento; Quebravão-lhe ondas o animoso alento, Por mais e mais que Amor lho renovava.
Careteava, ria, empurrava com alma; mas, de instante a instante, punha-se nos bicos dos pés, espreitava por cima dos hombros e por entre as cabeças dos vizinhos, agachava-se ao menor movimento que via fazer aos dous, tornava a empurrar, e nesta lida o garoto renovava, incansavel em novo combate, as façanhas que, havia pouco, practicára no sempre memorando repique.
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