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Ha por ahi muito rapaz intelligente e, a seu modo, instruido, que conhece mais ou menos Molière, Racine, Voltaire e até Rabelais e Ronsard, e que nunca leu um auto de Gil Vicente, uma canção de Camões, uma eglogla de Bernardim Ribeiro ou de Bernardes, uma carta de Ferreira ou de de Miranda.

Procurou-se o retrato de Rabelais, e pintou-se Gil Vicente, aquelle Gil Vicente que o leitor póde vêr esta noite n'um dos quatro medalhões do tecto do theatro de S. João, e que a mim mesmo, que sei esta anecdota, me fez algumas vezes desconfiar de que não seja Rabelais, porque o meu binoculo me permitte vêr em grandes caracteres o nome de Gil Vicente sotoposto ao medalhão...

Com certesa, minha senhora! até duas! As minhas rações, em mesas d'estas, tão perfeitas, são sempre as de Gargantua. Não cites Rabelais, que a tia Vicencia não conhece os auctores profanos! exclamava eu, tambem radiante. E prova esse vinho branco da nossa lavra, e louva Deus que amadurece tal uva.

Lembro-me d'um! apostrophou o snr. José Gomes Monteiro. Qual? Um escriptor da mesma epocha e cuja individualidade litteraria não deixa de ter seus pontos de contacto com Gil Vicente... Chama-se? Rabelais. Muito bem!

No declinar do periodo catholico-feudal, quando a alma cavalheiresca foi tocada pela corrupção, Rabelais com o seu prodigioso Gargantua e Cervantes com o seu immortal Don Quixote castigaram pelo riso e pelo ridiculo os costumes dissolutos da épocha e prepararam o inicio dos tempos modernos.

Oh! o Rabelais é o meu livro! Ha tres livros que nunca tiro da minha banca de estudo, nem da minha mala de viagem.

Estou-me lembrando de um quarto de hora de Rabelais, que ella me fez passar no theatro de D. Maria. Acabára de realisar-se em Paris a première de Mr. Alphonse de Dumas Filho, e Santos, então á frente da empresa de D. Maria, encarregára-me de traduzir a peça em tres dias. Tres dias, é um modo de dizer.

O caso é que Rabelais, á hora que os camarotes se despovoam, parece preparar na mente, a julgar pela contracção sarcastica das faces, um novo romance satyrico em que moteje da composta austeridade da sociedade portuense n'um theatro onde, ha cincoenta annos, se queimou fogo artificial no palco, executado por João Semelhes, e um palhaço divertiu os espectadores com a graciosa Macaquinha, e se dançou o Fandango, e se fez a exhibição da Corda Bamba.

Demogeot, na sua Historia da Litteratura franceza, considera os contos do seculo XVI como alheios ao desenvolvimento intellectual; é uma affirmação menos verdadeira por absoluta. A actividade d'este periodo, a fecundidade e originalidade verdadeiramente cahoticas reproduzem-se em Rabelais, o creador de Gargantua e Pantagruel. A Renascença com as ficções gregas e romanas desnaturara o conto.

A ira tinha a melhor defeza na existencia de Homero; sem o furor de Achilles, não haveria a Illiada: «Musa, canta a colera de Achilles, filho de Peleu...» O mesmo disse da gula, que produziu as melhores paginas de Rabelais, e muitos bons versos de Hyssope; virtude tão superior, que ninguem se lembra das batalhas de Lucullo, mas das suas ceias; foi a gula que realmente o fez immortal.

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