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Atualizado: 31 de maio de 2025
Era caso desesperado. Passára já a votar a ultima freguezia, que era justamente aquella onde estava constituida a unica assembléa de que se compunha o circulo eleitoral, e onde o leitor tem passado commigo todo o tempo que dura a nossa narração. Foi então que votou o conselheiro e os outros conhecidos nossos, entre os quaes o Zé P'reira. Com este deu-se um episodio comico, que merece menção.
Eu não me casei para que tu me andes a ganhar indulgencias na igreja, mulher!... Isto são preparos, mulher?... Um homem chega a casa e acha o caldo por fazer, porque a senhora sua esposa deu em ouvir nove missas por dia e uma duzia de novenas! Cala-te, cala-te, retorquiu azedamente a devota metade do Zé P'reira cala-te para ahi, desalmado.
Mas a meio caminho da sacristia, para onde se dirigia, surgiu-lhe quasi do chão um estorvo. Zé P'reira, o desconfortado marido, estava deante d'elle, gesticulando e realisando um triplice e admiravel esforço para firmar as pernas, para abrir os olhos, e para desembaraçar a lingua. Dizia o homem: Ó sr. aquelle... ó sr. padre, ou missionario, ou lá o que é... eu quero-lhe perguntar uma coisa.
Em posição de cansaço e desalento o Zé P'reira monologava, como era habito seu, sempre que tinha o cerebro repassado do espirito familiar.
A harmonia do par conjugal de que constituia a parte masculina o nosso Zé P'reira, estava cada vez mais transtornada. A beatice azedára o animo da sr.^a Catharina do Nascimento de S. João Baptista.
Ermelinda approximou-se; tomando a carta das mãos de Augusto, começou a lêl-a com intensa curiosidade. Zé P'reira proseguiu no seu monologo: A religião, senhores dissertava elle não manda tal... Isso é que não manda... A religião é a palavra de Deus... e Deus disse... sim... Deus disse... Deus disse muita coisa... Disse que por este deixarás pae e mãe.
Zé P'reira estava, como dissémos, só na cozinha, quando Augusto alli chegou: sentado, no meio da sala, sobre um alqueire voltado com o fundo para o ar, viradas as costas para a porta e a face para o lar apagado e vazio, falava, gesticulava e mudava de tom desde a nota mais grave e rouca da sua escala de barytono, até o mais agudo e desafinado falsete.
A familia Zé P'reira vae em rapida decadencia; o homem já nem tem fôrça para fazer resoar o zabumba.
Effectivamente Zé P'reira tinha apenas concedido ao seu compadre um olhar de distracção e um aceno de mão, e voltára de novo ás suas queixas amargas contra a sorte e contra a esposa. Interrogado pelo Herodes, Zé P'reira reproduziu uma das suas lamentações; o compadre, emquanto desenfardelava a mala, ia cortando com reflexões proprias essa longa jeremiada.
Ze P'reira era um homem baixo, já grisalho, sufficientemente nutrido, de olhos vesgos e que mais vesgos se faziam quando o enthusiasmo, o rapto artistico se apoderava d'elle; usava de umas suissas que pareciam tentar sumir-se-lhe pela bôca dentro; tinha longos braços, accommodados ás difficuldades e evoluções da sua arte, e pernas que, do joelho para baixo, lhe divergiam em angulo de mais de trinta graus.
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