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Atualizado: 14 de junho de 2025


E o cortejo sahiu da igreja como viera, mas bem numeroso e mais rico, pois lhe estava adiccionada toda a Oriola, ganhões, creados, convivas, amigos, as duas velhas aias, e coisa pasmosa! a propria senhora viuva. Anda, sempre te abaixaste, bem feito! dizia-se á da Fevronia, na passagem do cortejo.

Subitamente, eis que os rapazes iam casar! Jámais por aquellas redondezas se tinha dado coisa parecida. Vamos nós agora a vêr, se a da Oriola virá dormir á Torre! diziam muito interessadas, das suas soleiras, as gordas comadres de S. Mathias. A mór parte nem tal acreditaria, mesmo vendo. E as apostas começaram. A vêr como dorme! Apostar em como não dorme! A camarilha de Manuel Zarco arengava com sobranceria, entre os grupos mais impacientes: Afinal, quem se humilha são os da Oriola.

Na casa da Torre, exasperação identica a respeito da Oriola, não havendo serão que as estroinices do primo não fossem esmiuçadas, exageradas e discutidas. Carlinhos não tinha pae, Dora não tinha mãe. Mas auctoritaria e toda orgulhosa do seu reino domestico, da riqueza e alta educação que recebera, tambem ella punha em torno de si uma pequenina côrte dulcerosa e servil.

Cada viajata de Dora durante a estação de banhos, cada mez d'opera em Lisboa, no inverno, as primaveras com o pae pela Andaluzia, no Algarve, ou em Marrocos e Gibraltar, para espreitar o dolente azul do Mediterraneo do alto das artilhadas escarpas inglezas, eram motivos de censuras na Oriola, e surdas prophecias de ruina iminente.

Alguns mais ratões da Oriola e sempre a Oriola teve fama de moços reinadios botando cantiga ás raparigas, que chegadas tarde ficavam sem logar nas mesas, offereciam-lhes por cadeira os joelhos e por encosto o coração.

Mas a outra porção da Oriola por seu lado, gente madura e reflectida, ainda desconfiada da senhoril hospedagem na Torre, sempre tinha querido inspeccionar, vêr com os seus olhos, apalpar com os seus dedos, todo o maravilhoso arsenal agricola, instrumentos, machinas, animaes, bombas, poços, bebedoiros e hortejos e por essa aldeia que viera, subia um respeito de gente cavadora e mandada, que mal disposta para o da Torre, agora se dobrava, reconhecendo n'elle o genio de um lavrador modelo.

E voava-lhe a idéa pelas lembranças longinquas dos seus primeiros tempos de esposa, aos dezasseis annos, quando por cubiça do pae, uma vez acordára no leito do lavrador da Oriola. Seis annos de infecundidade tinham assignalado depois melhor essa frieza d'esposos, que quasi nem se haviam conhecido. Era ao tempo ainda dos dois irmãos serem amigos, companheiros de caçadas e aventuras.

N'um banquete monstro, S. Mathias e a Oriola congraçavam, comendo ao lado uma da outra, na melhor harmonia e folgança; e no intuito de sagrar esta confraternagem, a viuva accedera vir a casa de seu cunhado, sem quebrar as juras que fizera, pois não passaria o terreno neutro do pateo.

Foi n'este marulhar d'opiniões e trocadilhos, que um forte rumor de sege alborotou a aldeia e emquanto rapazes descalços corriam, cães ladravam, e cabeças de mulheres vinham ás portas espreitar avidamente, os trens da Oriola romperam a grande passo pela rua larga, vindo topar alfim nas escaleiras do adro.

Nas terras de roda, estas coïncidencias faziam riso, ainda que se explicassem com honra, aqui para nós. Os da Oriola davam pão á sua aldeia, como os da Torre a S. Mathias. vinha o proverbio mesmo pão, mesmas feições. E sendo assim...

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