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O homem espoliado do caldeirão ensandeceu a final, abrazado em concupiscencias que resfolegavam em colcheias, em decimas, em sonetos, que me recitava a mim e a Matheus de Magalhães com uns olhos tamanhos e tão accesos que parecia o diabo de Santa Thereza de Jesus. Estes dous typos teem moldura no poema de Guerra Junqueiro.
Finalmente, Junqueiro foi dentre as figuras litterarias do momento o mais sagaz e ajustavel á sua extranha confusão.
Dos nossos, admirava-se, enthusiasticamente, João de Deus, Anthero, Junqueiro, Gomes Leal e apreciava-se com deleite Penha e Gonçalves Crespo, todos esses que haviam sido os mestres das gerações anteriores. O espirito de Feijó vasou-se n'estes moldes e reflectiu as phases d'essa evolução do gosto litterario.
A maior parte dos individuos que fazem um livro teem, nas precauções da forma, no rebuço das opiniões, na doblez do stylo, o ar miseravel de pedintes que solicitam venia para divertir inoffensivamente o respeitavel publico. Entre as aberrações eminentes d'essa tendencia geral, como por exemplo os srs. Anthero de Quental e Guerra Junqueiro na poesia, o sr.
Guerra Junqueiro, depois que escreveu A Patria, penso que não póde, com direito, infileirar entre os profissionaes da observação e da dedução critica. Fica, e esta gloria lhe bastará, um dos mais extraordinarios poetas de que Portugal se possa orgulhar. Qualquer dos dois permanece, e bem, no seu posto das avançadas romanticas da politica e no soberbo affastamento das religiões.
Basta citar o extraordinario poema satirico de Guerra Junqueiro Patria. Mas a decadencia, a desmoralisação lavra tão fundo que a reacção pelo riso encontrou espontaneamente novas formas para se manifestar.
O seu contacto dava alegria, dava saude. Sob a suggestão do seu espirito parecia que tudo se animava e resplandecia, que a propria existencia se tornava mais amavel, mais apetecivel. De toda a sua pessoa, irradiava a joie de vivre. Junqueiro chamava-lhe, então, o opiparo Feijó...
E todos os da Folha, que navegavam na esteira do mestre, sahiram excellentes artistas no cinzelamento esculptural da fórma litteraria: Crespo, Junqueiro, Simões Dias, Candido de Figueiredo, etc. Para João Penha, como poeta lyrico, o amor parecia não ser mais que uma idealisação, uma phantasia de artista.
Mas Guerra Junqueiro, meus senhores, era na Coimbra d'aquelle tempo, na Folha principalmente, a promessa florescente de um lyrico primoroso, depois transviado, e a meu vêr atormentado, pela preoccupação constante de reformar a esthetica , a technica , o olympo dos romanticos , o paraizo dos catholicos , de fundar escola e de attingir a perfeição suprema no seu melhor livro, que, segundo o seu proprio conceito, são os Simples.
Guerra Junqueiro, são a nata da elegancia e do palacianismo; elle lá estava, no seu posto, ao lado dos companheiros de luctas demolidoras Oliveira Martins e Eça de Queiroz. Em 1889, morrem o infante D. Augusto e o rei D. Luiz.
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