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Atualizado: 7 de outubro de 2025
A condolencia a que o movera a infelicidade do hebreu Sá Mourão atou mais n'alma os liames de sympathia com que o Olho de Vidro o entranhára na intimidade dos seus. O israelita de Ourem ia triste. Dir-se-ia que nunca elle, até á vespera d'aquelle dia, devéras se convencêra da morte do seu Antonio de Sá. Tantos annos idos, e elle ainda a querer-lhe e como que a esperal-o!
Recobrou o estudante saude, a tempo que Heitor Dias da Paz era transferido á inquisição de Lisboa, por motivos mais ou menos extraordinarios, que não vingámos averiguar. O que a toda luz evidenciámos é que o hebreu esteve preso desde 10 de janeiro de 1704 até 12 de setembro de 1706. E como saiu elle do carcere? Absolto? Penitenciado? As feras das cavernas da santa casa esphacellaram-lhe as carnes?
E desapertou-se dos braços d'elle para fugir. Não! exclamou o medico não irá de minha casa, sem me dizer o que sabe do meu nascimento. Que importa que me diga que sou filho de um hebreu? que meu pae morreu queimado? que Heitor Dias era meu irmão? que o meu appellido é o de algum facinora?
Já se iam vendo os campos relvejando Cá da banda do sol n'este horisonte Por onde já n'um mar se andou nadando E onde apenas se encontra secca fonte; E eil-os já os hypocritas minando, Cortando ao povo hebreu na marcha a ponte Só para que o manná que o céo lhe chove No deserto dos reis jámais nem prove.
Varias pessoas honestas, que viram o sorriso do hebreu, disseram umas ás outras: Veremos á tardinha se o marrano se ri na fogueira... O orador, no emtanto, ia proseguindo na demonstração dos seus tres pontos, que foi completissima, sem deixar brecha á mais especiosa contestação.
Juro-lh'o pela honra d'este homem, d'este hebreu queimado em estatua, d'este homem sem terra nem familia, chamado Francisco Luiz de Abreu. Jura-lh'o o homem que recebeu nos braços ha quarenta annos uma creancinha, que depois se chamou Braz Luiz de Abreu.
Prolongou-se a pratica do hebreu. O padre não o ouvia. O que elle parecia escutar era um cavo e muito intimo desfibrar-se-lhe o coração, este envelhecer e morrer que o homem está sentindo a branquear-lhe os cabellos e a ressumar-lhe á face camarinhas de suor de agonia. Depois despediu-se, e murmurou: E adeus! que está consummado tudo!
Se elle o manda, eu devo pôr um preço a estes fructos da sua bondade, mais dôces que os labios da esposa! Justo é pois, ó homem abundante, que por estes dois que me enchem as palmas, tão perfumados e frescos, tu me dês um bom traphik. Oh Deus magnifico de Judá! O facundo hebreu reclamava por cada figo um tostão da moeda real da minha patria!
Como um marinheiro preso... doidamente... O que eu viajei, o que eu viajei por sôbre a espuma!... Sei as lendas do mar como ninguêm. Contou-mas numa rocha um corvo antigo. Como sabe, os corvos vivem séculos... Sabia-as todas êsse velho amigo... naufrágios e terrores... dramas da névoa... O mar! O mar! O que eu amei no mar! Mas o senhor não compreende, o senhor não sabe. Que sabem do Amor os homens todos?... Foi êsse Hebreu, sem querer, que os desgraçou. Fizeram ao Desejo o que fazem
Heitor Dias da Paz, lida aquella ultima clausula da sentença, fitou penetrantemente o semblante do promotor e riu-se. Os esbirros mandaram-no levantar-se, e beijar um dos doze missaes que decoravam a ampla mesa sotoposta ao estandarte de S. Domingos. O hebreu levantou a fronte com arrogante desprezo, e disse em voz que se fez ouvir na tribuna real: Não quero!
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