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Embora logre Inálio os seus agrados Fingidos, mentirosos, estudados.
Fervendo-me no peito o amor, e a ira, Logo, logo em pedaços fiz a Lira, E em mil imprecações, em mil queixumes O furor exhalei dos meus ciumes, Ameaçando a infiel, que eu me vingava No odioso Rival, que me affrontava, Se huma satisfação, que Inálio visse, Logo o meu pundonor não ressarcisse.
Se Inálio, porque tem Campos, e Gados, Numerosos Casaes, amplos Montados, Attrahe esse teu genio interesseiro, E eu, posto que leal, que verdadeiro, De clara geração, de sangue honrado, Caducos, frageis bens não devo ao Fado, E por isso não posso no teu peito Produzir da ternura o doce effeito; Que razão te obrigou a acarinhar-me, E de hum fingido amor capacitar-me?
Isto dizendo, avizinhei-me a ella, Que estava ao pé da rustica janella, E da térna pergunta não fez caso, Nem o rosto voltou, e olhando acaso Á proxima Cabana de Nigélla, Vi encostado Inálio á porta della Olhar para Urselina, a Deos dizer-lhe, E sem pejo a Cruel corresponder-lhe C'um doce riso, hum gesto namorado, De amantes expressões acompanhado.
Mas verás se mais hora menos hora Não he punida a infiel Pastora: Doiradas esperanças lisongeiras Nutrem-lhe idéas vãs, e interesseiras; Mas Inálio he como ella ambicioso, E só deseja hum Hymenêo lucroso, Que lhe farte a cubiça, os bens lhe augmente: Elle proprio mo disse, elle não mente, Que a sua natural simplicidade Não póde mascarar a sã verdade.
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