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E porque a este tempo o Ifante D. Diniz herdeiro filho del-Rei de Portugal, posto que fosse moço era em idade para poder caminhar, El-Rei, e a Rainha seus padres acordaram de o enviar, como enviaram muito honradamente a Castella a visitar El-Rei Dom Affonso seu avô, para lhe ter em mercê a doação, e avenças passadas, e assi para lhe pedir relevamento das mais obrigações, e serviço dos cincoenta Cavalleiros, e assi com mui nobre companhia chegou a Sevilha onde achou El-Rei, que o recebeo, e agazalhou com muitas festas, e honras, e com sinaes de grande amor, a quem o Ifante Dom Diniz passados os comprimentos, e visitações, e bem ensinado da instrução, que levava pedio por mercê a El-Rei seu avô, que daquella obrigação dos cincoenta Cavalleiros, e assi de qualquer outra que tocasse ao Algarve, quizesse para sempre relevar a El-Rei Dom Affonso seu padre, e a elle, e aos que delle decendessem, na qual cousa segundo a Coronica de Castella conta, El-Rei esteve algum pouco suspenso, e com os grandes de seu Reino quiz poer o caso em Conselho, no qual por Dom Nuno de Lara com rezões que pareciam onestas, e de bem de seus Reinos ouve alguma contradição, mas os outros, que logo conheceram a vontade del-Rei, que era satisfazer em todo a seu neto, todos lhe aprovaram, e louvaram, e sobre este assento andando o Ifante Dom Diniz com El-Rei seu avô foram a Jaem, donde houve por bem que o Ifante se tornasse, como tornou a Portugal, e lhe mandou dar uma carta que trouxe para El-Rei seu padre, escrita em pergaminho em palavras Castelhanas, e asselada de seu selo pendente das Armas de Castella, e de Lião, que tornadas fielmente em Portuguez por mim Coronista, que a propria Carta vi, diziam nesta maneira.

E Dom Martim em se querendo escuzar pera não dever de pedir tal perdão, acudio mui prestes o Conde, e dice ao fidalgo, que o reprendia: «Que semelhante perdão em tal cazo Dom Martim não era obrigado de pedir, porque elle não fizera erro, mas tinha feita boa façanha dina de bom Cavalleiro, e leal fidalgo». E por ella lhe tornava a dar o dito Castello pera elle, e pera todos os que delle decendessem, fazendo menagem a elle, e a todos seus herdeiros.

Deste requerimento prouve muito a El-Rei Dom Affonso, que por Reaes condições que muitos lhe entrepetraram a vaidades, e desordenada cobiça de gloria foi o mais nobre Rei de Castella, e querendo em todo satisfazer á Rainha sua filha, lhe mandou logo passar sua Carta patente, e selada de seu selo de chumbo, por a qual fez solenne, e firme doação ao dito Rei Dom Affonso Conde de Bolonha, seu genro, e ao Ifante D. Diniz seu filho, e a todolos filhos, e filhas que delles decendessem para sempre do Reino do Algarve com seu inteiro Senhorio, e com todolos Lugares delles ganhados, e por ganhar, com tal condição que o sobredito Rei de Portugal, e seus filhos, fossem obrigados a dar de ajuda ao dito Rei Dom Affonso de Castella em sua vida sómente cincoenta Cavalleiros, quando lhos requeressem, contra todolos Reis Despanha, e além desta doação El-Rei de Castella mandou fazer outras Cartas para o Mestre Dom Payo Correa, e para outros grandes Cavalleiros, que com elle andavam no Algarve, porque lhe notificou esta doação, que tinha feita, e lhes mandou que a comprissem, e porque El-Rei Dom Affonso folgava com a vista, e conversação da Rainha sua filha pola grande afeição que a ella tinha não lhe deu lugar que logo se tornasse a Portugal como ella quizera, pelo qual elle mandou as sobreditas Provisões a El-Rei Dom Affonso seu marido, que como as recebeo alegre com tamanha, e tão honrada, e tão dezejada doação, notificou tudo ao Mestre Dom Payo Correa, a que desso prouve muito, porque tinham antre si muito conhecimento, e grande amizade.

E o Infante D. Pedro, porque do Infante D. João não ficara outro herdeiro barão, fez com El-Rei que proveu logo do Oficio de Condestabre a D. Pedro seu filho maior, e o conde d'Ourem fundando-se em razões que não provou, enviou pedir a mesma denidade ao Infante D. Pedro seu tio, dizendo-lhe, «que o seu avô o conde Nuno Alvares Pereira houvera este Oficio, para si e para todolos que d'elle decendessem.

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