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Atualizado: 19 de junho de 2025
N'um dos mais centraes, fronteiro a uma janella de assentos, habitava Maria; D. Anna Lucinda á direita, no immediato. Voltado de costas para a janella, ou passeando por diante d'aquellas portas, distinguia, ora n'uma ora n'outra cella, as praticas de ambas; ouvia as suas conversações em voz baixa; deliciava-me com a doçura das suas falas, que eu não conhecia.
Cada um jurou cumpril-o, fosse qual fosse. «Tenho pena de ti, ¡meu pobre poeta! proseguiu ella apoz alguns momentos de concentração. Sei que deixo um grande vazio na tua vida. Se Anna Lucinda não fosse freira, essa conhecia-te como eu, amava-te quasi tanto como eu, podia continuar como tua esposa a obra da tua felicitação, que eu deixo incompleta.
Debalde a pobre tia pedia explicações a Lucinda. Esta furiosa declarou-lhe que nada percebia, e no dia seguinte retirou-se para sua casa. D'ahi a quinze dias recebia uma carta de Adelaide, a qual, como podem suppôr, ignorava tudo o que se passára. A carta dizia o seguinte: «Minha boa amiga. «Caso-me daqui a um mez. Não podes imaginar como sou feliz. Quero fallar comtigo muito, muito e muito.»
A amisade, que votava á sua companheira de collegio, e a profunda tristeza que a salteiára, venceriam a resolução em que estava de conservar secreto tudo o que se passava no seu espirito, e o receio que tinha dos sarcasmos de Lucinda, se a indifferença d'esta não a ferisse mais do que todos os seus motejos. Mas Lucinda andava preoccupada, Lucinda nem reparava na pallidez da sua amiga.
Ahi tens a vida que eu passo, minha querida Lucinda; não achas que tenho razão para me lembrar com saudades do collegio? Escreve-me tu ao menos, já que minha tia se obstina em me ter reclusa, e em não me permittir a doce consolação de te vêr e de te abraçar; escreve-me, porque só as tuas cartas me ajudarão a supportar o fastio d'esta existencia. Tua boa amiga Adelaide.
Deslumbrada por esse esplendido conjuncto de predicados, Lucinda tentára fixar a attenção do gentil moço, e a coquette conseguira-o em breve, mas, quando se tratára de dar o passo decisivo, manifestára-se toda a timidez do espirito virginal de Frederico. Era o seu primeiro amor, e só os tolos conseguem atravessar affoitamente essas columnas d'Hercules.
A brisa refrescára, e, infunando a vela, fazia tombar o barco para um lado. Os marinheiros pediram a Frederico que se fosse sentar junto de Lucinda. Já vêem que o acaso continuava a fazer das suas. Foram calados um instante, com os olhos fitos na lua, que desdobrava a sua placida luz pelo céu azulado e pelas aguas do rio.
Entretanto o baile findára, e os lisbonenses preparavam-se para atravessar o Tejo. Frederico e a familia de Lucinda eram as unicas pessoas, que tinham de emprehender essa excursão.
Lucinda, devemos confessal-o, não insistiu muito, e, pensando unicamente no meio de deslindar a comedia, cuja teia imprudentemente urdira, depois de scismar alguns instantes na extraordinaria melancholia da sua amiga, não fez mais esforços para penetrar o mysterio.
Mas a volumosa mamã offereceu-lhe o braço, e em medos e tremores reteve-o tempo bastante, para que Lucinda, ligeira como uma gazella, saltasse para o caes, poisando apenas ao de leve os dedos finos e alvos no braço d'um dos remeiros.
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