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Atualizado: 15 de julho de 2025
Senhor de grandes propriedades e muitos bens no valle de Lafões, onde era conhecido pelo morgado de Cercosa, reunira nas suas mãos, por successivas heranças dos seus antepassados, uma das maiores fortunas territoriaes que por aquellas regiões se conheciam.
D. Maria Francisca podia voltar mais livremente a Cercosa, até que Laura deixasse o collegio. Leonor tinha do marido tudo quanto queria e elle se julgava obrigado a conceder á nobreza e ao lustre que ella trazia ao plebeu. Só os calculos de resgate das dividas se desfariam em desillusões, porque o brazileiro, rehavendo para isso toda a energia d'um bom burguez, defendia-se tenazmente.
Por isso fazia valer os seus direitos de mãe e tutora, para que ninguem podesse com auctoridade interpôr-se entre ella e o filho. D. Pedro passou a mocidade, ora em Cercosa, ora em Coimbra, sempre acompanhado por um padre que a custo lhe ensinou a lêr e a escrever, porque o discipulo era, além de pouco intelligente, remisso na applicação e no estudo. Esperto, esperto! dizia o padre á morgada.
Até aos nove annos foram educados com os velhos creados da casa, no abandono proprio das circumstancias em que se encontravam; a mãe a todo o momento estava em jornada com o capellão para Cercosa, o pae fugia para Lisboa sempre que se via com algum dinheiro e, quando estava em Coimbra ou na Beira, passava o tempo em caçadas, visitas e recepções, folgando continuamente, como um rapaz, ora em sua casa ou nas festas visinhas, que retribuia com largueza.
Uma vez que Claudio singelamente perguntára pelo sr. José d'Albuquerque, o filho do fidalgo, o creado apressou-se a corrigir: O sr. D. José está a almoçar. D. Pedro nascera em 1825. Muito cedo, aos cinco annos, ficára sem o pae que tinha morrido d'uma catarrhal, apanhada andando á caça em Cercosa, segundo lhe diziam.
Porque era Cercosa a habitação preferida dos amantes. As visitas, os serões com os lentes e mais frequentadores do palacio da estrada da Beira, a creadagem basta, tudo isso perturbava em Coimbra as horas d'amor, e tudo isso desapparecia no silencio do solar de Cercosa protegido pela discrição da creada que já em Vizeu fôra confidente de D. Maria Francisca.
E fique-se por aqui, dizia-lhe D. Maria Francisca ao entrar em casa, emquanto atravessavam o jardim. A Laura é muito fraquinha. Depois não sei o que é... Por mais cuidados que se tenha, os partos envelhecem muito. Lembra-se de vêr minha prima Luiza? Casou ha cinco annos, como sabe, e tem tres filhos. Via-a outro dia em Cercosa. Está uma velha! Não faz ideia.
A mãe, astuta, nunca perdendo da lembrança o padre, anceiando pelos tempos de tranquillidade que com elle passava em Cercosa, espreitava o ensejo de casar a filha. O destino breve lhe deparou boa fortuna. A victima foi o filho d'um brazileiro do Minho, novo e riquissimo, que do Porto veiu á Figueira ostentar as suas carruagens e os seus anneis e procurava afidalgar-se pelo casamento.
Tinha pensado em que a solução era boa; durante o tempo lectivo o filho estava preso em Coimbra, deixando-lhe por conseguinte a liberdade de gozar a sua querida tranquillidade de Cercosa, as ferias do natal e da paschoa eram breves, e dos mezes de agosto e setembro não tinha a preoccupar-se que esses estavam d'antemão prejudicados pela presença das filhas.
Em Lisboa tecera uma rede de lettras passadas a amigos e a agiotas que lhe tinham valido em apuros de dinheiro, os bens de Cercosa já estavam hypothecados á misericordia de Vizeu, e um negociante da Praça Velha, em Coimbra, com quem se adeantára em contas, sabendo que as dividas cresciam, instava por uma hypotheca das melhores insuas.
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