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N'este horror á mathematica sou ainda discipulo de Camillo Castello-Branco que escrevia a Faustino Xavier de Novaes: «Teremos nós sepultura com lagea!? Conta com um cômorosinho de terra, e umas papoulas na primavera, e uma taboa preta com um numero branco. A arithmetica ha-de perseguir-me além da morte

Lucio Valença, escriptor de certa aura, e caçador intrepido, e por uma filha dos viscondes, gentil menina, sympathica, alegre e desembaraçada, que, apesar de ter vivido sempre em Castello-Branco, e de ter ido apenas uma ou duas vezes a Lisboa, não tinha nenhum dos acanhamentos tradicionaes das provincianas de romance.

Afigura-se-me sophistica esta sua argumentação, porque a ser verdadeira teremos de classificar de esterilisadora a influencia de todas as outras sciencias, incluindo a litteratura, e de massadores todos os primeiros litteratos do mundo, todos os nossos escriptores de mais segura e duradoura reputação; por exemplo: Garrett, que para manejar a lingua patria com aquella graça, facilidade e atticismo, que nós todos lhe admiramos, havia de folhear e compulsar muito bacamarte classico e soporifero; Alexandre Herculano, que para escrever aquelle poema do Eurico teve forçosamente de deletrear muita somma de pergaminho safado e roido, muita chronica bolorenta, muito livro indigesto; Antonio Feliciano de Castilho, Camillo Castello-Branco, Theophilo Braga e alguns outros, que para subirem ás alturas, onde nós hoje os contemplamos com admiração, tiveram indispensavelmente de estudar e de meditar muito livro somnolento, e nem por isso lhes ficou o espirito, nem o talento, nem a graça, nem a espontaneidade; muito pelo contrario, foi ahi, n'essas monumentaes semsaborias da nossa litteratura classica que elles se robusteceram em graça, em talento e em originalidade.

A educação de Camillo Castello-Branco devia influir gravemente no seu temperamento como aconteceu com Rousseau. São do livro No Bom Jesus do Monte estes pequenos quadros retrospectivos da sua primeira vida: «Tinha eu nove annos e era orphão.

Camillo Castello-Branco sente-se tambem doente, e ainda assim vou jurar que renunciaria á vida se o privassem de escrever os seus romances admiraveis de verdade, de analyse, de côr local, o que é, a meu vêr, um dos quilates mais preciosos do seu talento. Lê-o a gente, e acredita-o, e commove-se por mais que se lembre que está lendo uma novella.

Mas o que é verdade é que a biographia de Camillo Castello-Branco está por fazer, apesar de elle mesmo nos ter dado em muitas das paginas dos seus preciosos livros, como as Memorias do carcere, No Bom Jesus-do Monte, e outros, á similhanca de Garrett, copiosos apontamentos para se escrever a verdadeira noticia de sua vida.

Via-se o padre Castello-Branco, antigo ministro da inquisição e liberal extremado, cujos discursos eram lidos com prazer, lamentando o publico a sua voz, antes sussurro de oração, tão fraca que os vizinhos lhe distinguiam as palavras; Margiocchi, que alliava forte erudição á alegria do espirito e esmaltava as arengas de ditos facetos, julgados descabidos pelos austeros paes da patria; Borges Carneiro, o bom gigante, sempre em favor dos opprimidos, o qual acabava de ter estrondoso exito com o «Portugal regenerado» que em poucas semanas attingira tres edições.

A tua opinião, Castello-Branco? Eu, se podesse ter opinião, havia de aproveital-a para me chegar a convencer de que estou com geitos de escorregar nos lanzudos braços do somnifero deos. Surprehendido, com o desfecho, fazes-me naturalmente as seguintes perguntas: Então isto acabou?! Mas que significa isto? Que novos mundos queres desencantar com as farfalhices do teu arrazoado?

Camillo Castello-Branco trabalha como trabalhava Mozart, para vencer as rebeldias do seu temperamento. O trabalho é, para elle, ao mesmo tempo, toxico e remedio. D'aqui o numero prodigioso das suas obras. N'estes ultimos tempos teem-se aggravado os padecimentos habituaes de Camillo Castello-Branco. Mas ainda assim que prodigiosa fecundidade a sua!

Camillo Castello-Branco «O verdadeiro talento, como o vismara, borboleta das Indias, toma a côr da planta sobre que vive», escreveu Stendhal. Seria difficil resumir tão profunda verdade em mais formoso conceito.

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