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Ao concluir a leitura, Nuno ficou petrificado, no jardim, alheado de tudo, como se a inteligência inesperadamente lhe fugisse e êle se encontrasse num logar desconhecido. Estava branco, os dedos tremiam-lhe. Tinha a carta entre as mãos, e os seus olhos, por uma alucinação dos sentidos, viam nela manchas sangrentas... Depois, fundos soluços abalaram-no, chorou com desespêro, correndo para casa.

Entretanto, e como por força mesmo dessa alucinação desvairada e trágica, o cérebro perdera nele a recta, serena faculdade do raciocínio, ele continuava absorto, incompreendido, estúpido, diante da «sua desgraça» como diante de um grande mar de negrume, profundo e estagnado, por uma noite sem lua e debaixo de um céu sem estrelas, torvo de um burel cerradíssimo de nuvens, a sombra de um espectro... E assim em breve, retombou nessa altitude que diremos irracional, mudo, aniquilado, desfeito, no meio da treva silenciosa, como no lodo fundo de um poço um bloco inanimado...

Senão quando, um ruído surdo, e logo um movimento brusco de balanço, fez acordar o do leme. Na grande alucinação do perigo, desvairado pelo medo, gritou imediatamente: Manuel! Ó Manuel! O remador acordou, sobressaltado. A estrela? Ainda está, olha! disse incoerente, estonteado pelo sono. Uma fraga de cada lado! Ouves o rio?

Num crescendo impetuoso o sonho em que Luar todo se torna, no génio do pintor se evóla todo e, assim, o artista em que o sonho vágamente se esbáte perdendo-se por fim, na mesma diáfana atmosféra idial se eléva, trágicamente divinisando a alma!... Tudo é etéreo e profundamente convulsivo; uma alucinação vibrante tudo transforma, tudo arrebata no seu turbilhão genial...! Uma poderósa acção mediumnica a levitação total das cousas, assim eterisadas, provoca então... E é Luar o fóco tenebroso da alucinação sinistra que em redór se esbáte, vagificando-se mais!...

E esta presença real da divina criatura no seu ser criou no José Matias modos novos, estranhos, derivando da alucinação. Como o Visconde de Garmilde jantava cedo,

O artista cheio de pasmo o olha, e naquela arrancada impetuosa ambos na terra se despenham, esquecendo o sonho, a alucinação... A paz volta aos espiritos, uma paz lúgubre, cheia de preságios sinistros! O paroxismo da dôr não poude ser atingido, para ambos se perdeu...! . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Passaram-se alguns dias.

Em ondas de perfúme estranho as convulsivas exalações do Sonho iluminam vágamente o lár sombrio do artista que outra luz quasi não possue. A poucos pássos duma téla, profunda como a dor que ela evoca, o modelo por entre as vibrações duma alucinação sinistra todo vigorosamente contórce a alma, pelo semblante derramando a tortúra que a alma cava. Compreende a árte, no seu espirito sente a expressão do belo que todo o arrasta e anciósamente procurando ao artista transmitir a sublime inspiração da dôr, fórte, arrebatadora, na própria fisionomia a idialisa torturando o espirito que assim, no semblante se concretisa... pela dôr!

Palavra Do Dia

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