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Dentro do mosteiro reinava a opinião de que Theodora tinha bastante capacidade para tomar criada, conforme o gorado systema de Libana. Além d'isto, depois da expulsão da transmontana, a morgadinha, em vez de quebrar de orgulho e reportar-se, enfuriou-se mais, e sahia com invectivas e chacotas ás freiras velhas, clamando a vozes descompostas que a mandassem embora, se lhes não servia assim.

Dizia mais que a precisão de se livrar de tal captiveiro a obrigaria a dar-se como esposa a um homem que ella não amasse. Queixava-se da ausencia e silencio de Affonso, e citava o namorado da sua amiga Libana como exemplo de rapazes apaixonados. Concluia desejando a Affonso todas as venturas d'este mundo, em quanto ella se deliberava a experimentar todas as desditas.

Libana tinha uns irmãos, oriundos do mesmo tronco de pae e mãe, os quaes pelos modos, não tinham de que espantar-se do descomedimento e desatino da filha e irman; d'onde vinha o serem elles grandemente avelhacados, astustos, e espiões das tramoias de Alfredo. A villa era pequena e de soalheiro.

Ó Libana, tu não farás com que nos escapemos d'este inferno! Olha... está a madre porteira a espreitar-nos da grade do canto!... Libana voltou desabridamente as costas á madre porteira, e acudiu n'estes termos aos anhelantes desejos da sua amiga: Olha, Lóló, não te zangues. A gente, a final, ha-de sahir d'aqui, muito a tempo de gozar a vida.

Resolvida a sobre-estar do plano da fugida, Theodora travou-se de mui intima amizade com Libana, e formavam a sós um partido, que se fazia respeitar pela audacia da lingua, e soberba de sua prosapia e abundancia de meios.

Libana achou arrojado o intento da fuga, e desesperado sem razão, quando se podia melhorar de sorte, sem correr o risco de ser presa e reposta no convento para nunca mais vêr sol nem lua. Contou ella, para exemplificar o perigo da fuga, a desgraça acontecida n'aquelle mesmo convento, uns trinta annos antes.

N'este conloio entrava uma servente de fóra e uma criada de dentro, mediante as quaes Affonso de Teive recebia cartas de Theodora, e um cavalheirote imberbe de Traz-os-Montes, primo de Libana, recebia as cartas de sua prima. N'uma tarde de Agosto, sahiram as duas meninas a tomarem a fresca na cêrca.

Correu logo por algumas boccas, até aos ouvidos dos interessados, o estar-se fazendo roupinhas e saiotes, e outros atafaes de mulher, afeiçoados ao corpo de Alfredo. Sem detença, um dos irmãos de Libana sahiu para Braga; o outro ficou d'atalaia aos movimentos do imitador de Lovelace. O que se escondera em Braga foi avisado a tempo que Alfredo vinha de jornada.

Theodora acudiu com o rosto chammejante de alegria: Olha , Lili, o meu Affonso tambem tem cara de mulher, pois não tem?!... Se elle viesse tambem para minha criada era tão bom! O peor é que elle é conhecido, por ter vindo muitas vezes observou Libana O meu Alfredo é que veio aqui no principio uma vez, e ninguem o conhece... Não vamos nós botar tudo a perder, Loló!

As religiosas, conscias do escandalo, requereram ao prelado bracharense a expulsão da reclusa que deshonrava o convento e contaminava de sua desmoralisação as outras meninas. Foi, portanto, Libana entregue a seu irmão, que a levou para casa. Esperava-se geralmente que esta donzella, agourada para estremados desastres, tivesse um fim de exemplo a mulheres desgarradas do trilho da virtude.

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