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E todo o demorado giro pelos Bravaes o findaram sem que Gonçalo desafogasse. O crepusculo descera, molle e quente, quando recolheram conversando sobre a pesca do savel no Guadiana. Defronte do portão da Torre Videirinha esperava, dedilhando o violão na penumbra dos alamos. Como a noite se conservava abafada, sem uma aragem, jantaram na varanda, com dous candieiros accesos.

Perdoa-me a comparação, ó bardo caledonio! que eu vi Marat comparado a Jesus Christo. Quando lhe deram alta na barra da enfermaria, pediu o seu violão, sahiu ás praças, preludiou e cantou umas trovas com arpejo triste, ás portas dos argentarios e dos taverneiros. As trovas faziam saudades da patria, e a musica gemia as toadas dos lunduns do Minho.

Nos serões que fazíamos e que por via de regra não passavam de um interminável cavaco, dizia-se mal das mulheres, discutiam-se escândalos, desvendavam-se segredos, tal e qual como em todas as redacções... Mas da Maricas ninguém tinha que dizer senão bem; era a privilegiada naquelas sessões de língua. Quase sempre a conversa degenerava em algazarra um que se lembrava de cantar, outro que ia pela guitarra e gemia fados com acompanhamento de violão. E era de ver o Santos Melo, de olhos cerrados e cabeça

E mais distante, á luz do fogo que enrubesce na chaminé de pedra armoriada, o senhor arcebispo tange um violão, meneando a calva emquanto a abbadessa ergue os seus vestidos veneraveis, para esboçar o primeiro passo do minuete, acordado nas cordas do instrumento. Rompe a manhã! grita o creado aos meus ouvidos. Esfrego os olhos.

Gonçalo ergueu os braços, desolado: Ora vejam este paiz! Um grande artista, como o Videirinha, a carregar para Oliveira com os sapatos de banho da patrôa Pires!... Oh Gouveia! quando eu fôr deputado precisamos arranjar um bom logar para o Videirinha, no Governo Civil. Um logar facil e com vagares, para elle não esquecer o violão!

E Gonçalo bracejava, de novo protestava quando o violão resoou no corredor, com as patadas bem marchadas do Gouveia, e o Fado recomeçou, mais meigo, mais glorificador: Velha casa de Ramires, Honra e flor de Portugal!

Commendador BarrosEra essa a hora divina do violão e do «fadinho». E o Videirinha recuára para a sombra da sala, pigarreando, affinando os bordões, pousado com melancolia á borda d'um banco alto. A Soledad, Videirinha! pediu o bom Titó, pensativo, enrolando um grosso cigarro. Videirinha gemeu deliciosamente a Soledad: Quando fôres ao cemiterio Ai Soledad, Soledad!...

Enlevado, empinando o braço do violão, o ajudante da Pharmacia lançou outra, antiga a d'aquelle terrivel Lopo Ramires que, morto, se erguera da sua campa no Mosteiro de Craquêde, montára um ginete morto, e toda a noite galopára atravez da Hespanha para se bater nas Navas de Tolosa! Pigarreou e, mais chorosamente, atacou a do Descabeçado: passa a negra figura...

O Sanches gosta muito de musica; eu tambem... Mas, como V. Ex.^a comprehende, qui na aldéa, com a falta de recursos... Gonçalo, arremessando o phosphoro, exclamára logo, n'um sincero interesse: Então, queria que V. Ex.^a ouvisse um amigo meu, que é verdadeiramente sublime no violão, o Videirinha!...

Cahio no vasto leito como n'uma sepultura enterrou a face no travesseiro com um suspiro, um enternecido suspiro de piedade por aquella sua sorte tão contrariada, tão sem soccorro. E recordava o presumpçoso verso do Videirinha, ainda n'essa noite proclamado ao violão: Velha casa de Ramires Honra e flor de Portugal! Como a flor murchára! Que mesquinha honra!

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