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E a menina entrou no quarto da ama, e a ama com ella. Maria Henriqueta ouvira a confidencia sobresaltada de sua ama, e ficou como estupida de alegria. Eugenia, temendo que D. Maria das Dôres a encontrasse n'aquelle extranho transporte, accelerou a ida, recommendando-lhe curta demora.
Imaginem, por tanto, a inquietação d'aquelle grande espiritualista, quando viu passarem, vagarosos e enfadonhos, oito dias, sem que o mais ligeiro indicio lhe viesse confirmar a existencia de Henriqueta! Não direi que o desesperado amante appellou para o supremo tribunal das paixões impossiveis.
Deu basto dinheiro ao amigo, e uma carta para o alcaide de Segovia. O servo beijou-lhe as mãos, banhou-lh'as de lagrimas, e partiram. Não tenho mais que fazer aqui disse Maria Henriqueta. E, n'essa mesma hora, saíram para Lisboa, e seguiram viagem para o Porto. O sangue da infeliz tinha estuado, arrefecido nas veias. Apagada a flamma da vingança, um leve sopro lhe levaria o espirito vital.
O fidalgo, que já sabia da deserção do tenente, e incitára a saída do destacamento para captura'-lo em Arouca, nem por isso ficou menos surprehendido. Correu ao quarto de Maria das Dôres, e exclamou: Maria Henriqueta fugiu do convento! Estás a sonhar, ou sou eu que sonho?! disse a esposa. Alli está o portador de Arouca! Fugiu sua filha, senhora! Ahi tem a sua obra!
A misericordia do céo lhe descontaria na balança das impiedades o punhal agudissimo, que lh'as faria resaltar do coração, e jámais da consciencia. Na carta, falando da filha, apenas disse: «Se ella hoje fosse do céo, pediria ao Senhor a tua liberdade.» Porém, o silencio de Maria Henriqueta conseguiu apenas retardar algumas horas a infausta nova.
Conseguido isto, em que cifrava tudo, o carinhoso pae desfadigou-se em aturadas conversações com Maria Henriqueta, a qual viçava em formosura á competencia com os dons do espirito. N'um d'aquelles dias, Gonçalo Malafaya, passando diante do palacio do conde de Miranda, recordou as noites venturosas que alli passára, e recolheu-se triste.
No lance extremo d'um desafogo, hiria elle, audacioso, humilhar-se aos pés d'aquella mulher, que a não poder amal-o, choraria com elle ao menos. Estas preciosas futilidades escaldavam-lhe a imaginação, quando lhe occorreu a astuciosa lembrança de surprehender a morada de Henriqueta surprehendendo a pessoa que no correio lhe tirava as cartas, subscriptadas a Angela Michaela.
De tudo, inferia Maria das Dôres que as pazes se fariam brevemente, os desgostos a passar seriam curtos, em comparação dos futuros contentamentos. Maria Henriqueta reanimou-se, e mais ainda quando encontrou o marido, em secreto, enxugando as lagrimas. A mulher que ama precisa ver chorar, para crear alentos.
Envergonhe-me e envergonhe-se á sua vontade; mas saiba que Maria Henriqueta ha de ficar no collegio, apesar das suas imaginarias ordens regias.
Maria via tudo indifferente. Chegou o alcaide á portinhola da liteira, e disse: Sr.ª D. Maria Henriqueta, eu vingo Filippe tanto quanto posso. Approximou-se do commandante da escolta, e exclamou: Póde seguir com os seus soldados. Os presos ficam entregues á minha guarda. Maria olhava e parecia não compreender.
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