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Atualizado: 25 de maio de 2025


Fallamos ao povo que conserva o direito de propria consciencia e algum vislumbre de boa para que procure e abrace a salvação da indulgencia e do martyrio, que tem diante. Quando o fiel d'uma balança pende por força irresistivel para o abysmo, são felizes os que se lançam na outra concha; porque a força contraria os impelle e ascende mais do que a natural virtude dos seus corpos diaphanos.

Todos os ridentes allegorisadores da antiguidade falaram de um Cupido filho de Venus, armado de fogo e settas, cruel e suave ao mesmo tempo, incoercivel e fugitivo como os sonhos. Existe esse, não ha duvida; mas ha outro amor, podéra eu affirmar-lhes, que nasceu do casamento de uma açucena com o zephyro; que mesmo suspirando está a rir; que sóbe em espiraes melodiosas para o ceo até se perder de vista, mas não foge; reapparece, e redescende fiel ás mesmas amenidades d'onde levantára o vôo. Não fere, nem envenena; encanta. Não accende fogo para deixar cinzas; brilha na alma como sol. Não se rodeia de aves de agoiro, nem de sonhos temerosos. Não desvela as noites, com prazeres instantaneos, com delirios, e arrependimentos contumazes, mas se imbebe na andorinha do beirado para nos acordar cada ante-manhan com as alegrias puras que ella sabe. Não cura de ciumes; quizera que todos amassem como elle. Não é um amor concentrado, exclusivo, incompleto, que põe a mira n'um objecto caduco; é outro amor profundo e infinito como a Creação, com cujas maravilhas, maravilha elle proprio, se renova; a sua venda, se a tem, não escurece; é toda de brilhantes diaphanos e prismaticos, que redobram os prestigios do Universo.

Dos loireiros rosiflores, e das grutas dos jardins do palacio, esvoaçavam-se familiares até aos peitoris das janellas, sempre francas ás inspirações dos ceos diáphanos, do cicío das auras pela folhagem, e do estrépito das fontes, melodias como de nautas migdóneas.

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