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Atualizado: 15 de julho de 2025


Pintar por exemplo o aspecto de uma rua; um grupo de gente do povo que conversa e gesticula; uma senhora que passa, bem vestida, discreta, envolvida muito prosaicamente no seu chaile de cachemira, distincta, fina e natural; pôr em attitudes expressivas e reaes duas porteiras que tagarellam; esboçar com rapidez frisante um decavé da Bolsa ou de baccarat que vae andando cabisbaixo, lugubre e banal; desenhar a dois traços um dandy de charuto na bocca e ar spleenetico; dar emfim o tom vivo, o destaque poderoso e ao mesmo tempo a nota exacta e verdadeira áquillo em que nós, nem reparamos , á força de o termos visto milhares de vezes, eis um milagre que realisam artistas consummados e organisações muito especialmente dotadas.

Esteve assim, sem se mover, sem dizer palavra, por espaço de alguns minutos. Depois arremessou o guardanapo, empurrou a cadeira, pediu o chapéu e a bengala para saír e saíu, deixando a mulher boquiaberta, sem perceber coisa nenhuma. Quando, uma ou duas horas depois, subia as escadas da casa de Hipólito, o dr. Marim ia cabisbaixo, taciturno, como se uma grande dôr o tivesse trespassado mortalmente.

O quadrito, sim, que lhe destino. Era, como sabe, a característica dominante dêste grande mestre naturalista. Encarecia sugestivo a expressão: Uma tentação, não é?... E suasivo, assentando-lhe a mão sôbre o ombro: Que me diz? Cabisbaixo e mudo, vergado ao pêso do fulmíneo ataque, o Silveira interrogou numa mirada suplicante Mrs.

Vejam se, n'estas circumstancias, o pobre rapaz podia deixar de ir cabisbaixo, triste e dando ao diabo a viagem que commettera. E para quê e por quê a commettera elle assim? Em poucas palavras procuraremos satisfazer a natural interrogação, que é de suppôr nos dirigissem os leitores, se podessem fazel-o.

Palavra Do Dia

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