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Era um d'elles um velho Hollandez, Guilherme Brodechevius, membro do conselho politico, amigo do principe Mauricio, e pessoa abastada e importante da Companhia das Indias. Apertou amigavel e fervorosamente a mão de Manuel de Moraes, perguntou-lhe por seu nome, officio e residencia, e prometteu-lhe lembrar-se do serviço assignalado que prestára á sua filha.

Mas o perspicaz e atilado conselheiro Brodechevius, pressentio logo que as intrigas do Polaco em Amsterdam arrancarião por fim ao principe o governo de Pernambuco, e os odios concentrados dos naturaes do paiz recomeçariam as lutas e guerras nas terras possuidas pela Companhia, e lograrião expellir do solo americano as armas hollandezas.

Com difficuldade pôde responder-lhe Moraes ás perguntas, reconhecendo-se extremamente abatido e prostrado. Deixou-lhe Brodechevius um criado, que o havia acompanhado, para tratar o enfermo, munindo-o de dinheiro e instrucções no intuito de cuidar de Moraes, compromettendo-se a mandar-lhe immediatamente um facultativo que o examinasse e medicasse.

Não deixou igualmente de manifestar-lhe os seus temores sobre a sinceridade da declaração do amante, que preferia trocar o catholicismo pelo culto calvinista, no intento de acompanha-la, e viver para ella. Estimava Brodechevius o homem que salvára a sua filha. Prezava-o como intelligencia distincta, espirito dotado de raras qualidades, e capaz dos feitos e acções mais honrosas.

Regressado o velho á sua casa exigio-lhe a filha fizesse transportar para alli o enfermo, dando-lhe pouso na sua propria morada, porque ella propria desejava pagar-lhe a vida que lhe devia. Não sabia Brodechevius recusar-se á vontade de sua filha Beatriz. Era o fructo unico que lhe restava da sua finada e querida esposa, e dominava-lhe o animo e o coração com poder extraordinario.

Deixou a casa em que morava, por se lhe partir o peito com o aspecto que ella lhe offerecia . Separou-se do desditoso Brodechevius, abandonando-lhe as riquezas, que lhe podião pertencer por direito. Recolheu-se a um sitio solitario, nos arredores de Amsterdam, para com liberdade se entregar á expansão da sua dôr. Era Amsterdam uma cidade importante pela industria e commercio.

Lamentava-se o velho Brodechevius, percebendo finar-se a filha adorada, sem lhe conhecer o mal que a minava, e adivinhar-lhe a cura necessaria. Chorava Moraes como uma criança, esquecendo quasi diante do seu amor a propria dôr, que lhe acabrunhava o espirito.

Conservava-se tranquillo o Brazil hollandez com a moderação, experiencia e tino de Mauricio de Nassau. Regimen diverso arrastaria tudo para a perdição. Deliberou-se Brodechevius a abandonar o Recife, e recolher-se a Amsterdam com a sua familia. Communicou á sua filha os seus intentos para que se preparasse a seguir na primeira frota que para Hollanda se fizesse de vela.

Arranjou-lhe Brodechevius um emprego conveniente na administração da Companhia, em cujo exercicio entrou, sahindo-lhe de casa, e estabelecendo-se com decencia no Recife. Sem que suspeitasse o velho os mysterios que lhe escondia o coração, abrio-lhe a sua sociedade, e continuou a dar-lhe os abonos mais evidentes de verdadeira estima.

Foi portanto Manuel de Moraes conduzido em uma padiola para a casa de Brodechevius, e recolhido a um aposento excellentemente preparado, aonde um facultativo se incumbio de trata-lo. Tomou a febre um caracter maligno e proporções assustadoras.

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