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Atualizado: 6 de junho de 2025


D'esses poemas fiz eu, e perdi, innumeraveis. Fazia-os ao pendurar ritualmente no crepusculo da tarde de cada sabbado uma capella de murtas nos ramos do meu cedro, consagrado a ella, e que me parecia tão desejoso de festejál-a como eu proprio; fazia-os deitado nos povaes de tijolo de S. Sebastião, ao ramalhar das carvalheiras, pelas séstas; fazia-os regando o jardimsinho de narcisos, gradeado de canas, por baixo da fonte do passal; fazia-os encostado sosinho a deshoras pela noite velha á janella do meu quarto, que deitava para a banda do horizonte, onde devia ficar o d'ella; fazia-os ouvindo ler versos apaixonados, que todos no espirito se me traduziam, e se combinavam na minha historia, muito mais apaixonada que elles todos; fazia-os escutando de um oiteiro o sino das Ave-Marias, ao cessarem os trabalhos da terra, na hora em que o ceo accende, como lampada para infinitos amores, a estrella magnifica de Venus; mas sobre tudo os fazia fechado por dentro na minha Villa Viçosa de palha, junto á Pedra Branca, ao abrigo das chuvas e frios, do sol e dos ventos, de rumores e distracções, livre de olhos, de ouvidos e de pensamentos extranhos, por com a minha ausente.

Em tempos de mais abusão do que estes nossos, acreditou se, dizem os netos, que morava ali Moira encantada, que, todas as madrugadas de S. João, sahia muito pontual e ritualmente, a assoalhar os seus thesoiros por cima dos penedos, entre os mattos orvalhados. N'esses seculos, entendido está que o terror lhe velava a estancia, e que ninguem se affoitou nunca a ir dentro.

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