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Atualizado: 14 de maio de 2025
Agarrava-se-me ao braço, a apertal-o violentamente. Na bocca accentuava-se-lhe, aspero, o vinco da amargura. Foi esta mulher que me fez fugir de tudo, perder o amor a tudo, desterrar-me para esta passividade, eu que amava a vida dolorosamente, gosando com tudo, intensamente! «Conhecia-a em Hespanha! N'um inverno humido deixei Lisboa e acolhi-me a Sevilha.
Eu, ao querer desterrar-me da sociedade, lembrei-me d'esta abegoaria, que meu pae me herdára, e era o restante d'um casal, já desbaratado. Vim alli procurar o silencio e a solidão. Mas não reparei o solar da porta, nem fiz cultivar o jardim. Deixei as fendas do tecto, pelas quaes se coava a chuva; deixei as fendas nas paredes, por onde irrompia o asperrimo furacão das noites do outono.
Sou obrigado a desterrar-me, senhora! disse elle pausadamente Á mulher, que fez da sua mocidade o opprobrio do marido, e que fez do marido um assassino, é preciso que eu n'esta hora lhe diga que ámanhã a justiça me pedirá contas da vida d'um homem que devia morrer, visto que elle matára a honra da mulher de Domingos Leite.
Nada monta para mim a vida, se sou obrigado a desterrar-me, e deixar a minha filha unico amor que me ficou ao de cima d'este abysmo em que me vejo precipitado com tantas quimeras brilhantes que me enganaram. Todo me sinto perdido, e morto, peor que morto, se heide no exilio agonisar de saudades d'aquella creancinha...
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