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E não basta que a bancarota não seja um facto inevitavel; é necessario que o não pareça. Porque em pontos tão delicados parecer é quasi ser. Intervinde, intervinde, pois, que ainda é tempo. Salvae o paiz pelo paiz. Saccudi o habitual torpor e trabalhae desde n'esta empreza tão util para vós, como gloriosa para o nome portuguez. Não se vos um grito de terror no meio da batalha.

Não é a venda da herança por um prato de lentilhas; é a venda do patrimonio por um espectaculo de horrores. A bancarota é o prejuizo material multiplicado pelo sobresalto do espirito; operação que, em virtude d'um phenonemo inevitavel, produz sempre um resultado superior á intervenção dos dois factores que n'ella collaboraram. A bancarota ainda é mais do que tudo isso.

A incidencia da bancarota, o mais pesado de todos os impostos, porque arruina o capital, procurar-vos-hia em todas as transacções da vida social, percorrendo por vias mysteriosas todas as representações do trabalho e da riqueza. Qual seria a depreciação de todos os valores actuaes pela raridade, e, portanto, pela carestia da moeda cunhada?

E comprehendeis vós sem o credito as sociedades modernas, em que uma actividade devoradora, que é muitas vezes uma ficção, necessita de outras ficções para mover os cem braços com que se agita o mundo contemporaneo? Tendes-vos lembrado de quaes seriam as consequencias politicas da bancarota?

O proprio archanjo da caridade tentaria debalde chegar-se ás camas dos enfermos nas misericordias e hospitaes, porque alli acharia leitos nus, aonde, á força de miseria nas arcas vazias, não haveria misearias que proteger e consolar. A bancarota! encarastes bem essa atroz eventualidade?

E caem os partidos, sempre os mesmos Do governo os mandões, a mesma escola; O estado a soffrer graves tenesmos, nos resta o pedirmos inda esmola; A fazenda consome-se em torresmos, E vâmos n'um recúo-caranguejola; Somos ricos e grandes de comedia. A triste bancarota alguem impede-a? O supremo poder nas mãos d'um homem, Que póde ser um tolo, ou um tyranno!

Capitalistas e proprietarios, industriaes e commerciantes, ponde a intelligencia, que felizmente ainda lhe não podeis pôr os olhos, no que seria a bancarota. Se hoje vos queixaes de que os vossos fundos, os vossos predios, as vossas fabricas, os vossos armazens padecem com o estado do paiz, o que seria se desabasse tudo n'uma ruina geral? E geral teria ella de ser.

Mais seis, oito, quatro annos de funesta accumulação de enormes saldos negativos, e o paiz verá abrir-se diante d'elle uma valla que não poderá transpôr, e na qual ha-de cair. Abysmo que chama com dois braços: a bancarota e a Iberia. A propriedade territorial será então quasi a unica que se poderá suster á borda. O deficit duplicou em quatro annos.

Ruina que não provém, pois, unicamente de razões physicas occasionaes, mas que tem raiz e tronco na condição moral em que vivemos. Ruina que póde levar-nos ao suicidio na bancarota ou na Iberia. Incuta-se, pois, no paiz um novo alento e o que hoje é beira de abysmo, na phrase tradicional da imprensa, talvez não passe amanhã de ponto confuso na topographía politica de um povo regenerado.

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