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Atualizado: 16 de maio de 2025
Inexoravel Tempo! e nunca inteiras Deixarás ao porvir obras passadas! Inexoravel Tempo! e has de tu sempre Querer que do passado fique apenas Aquillo que o presente affligir deve; E assim fazer-nos dolorosa a imagem Do que já foi, do que ha de ser um dia! Bem como nós, verão nossos vindouros, Em reliquias d'antigos monumentos, Só pedras que exalçou o homem de barro!
Por isso se calava, por isso fugia d'antigos companheiros com que francamente ria de amorosas aventuras picarescas, arrastando dentro de si, como um pendulo que oscilla e mortifica, esta constante reserva e o temor do que elle julgaria injustiça. A sua vida era feliz, mas apertava-se dolorosamente, cercada de phantasmas. N'este idyllio se consummiram quatro mezes.
Essa Lyra só falla de desgraças, d'antigos crimes, de crueis lembranças. Essa Lyra espedaça e quebra as taças, calla os festins, e faz parar as danças, e essa Lyra ai! da tragica innocencia é a Lyra terrivel da Consciencia. E a Lyra diz: O que fizeste, ó mundo! das grandes almas unicas, sagradas, das grandes frontes d'um sonhar profundo que eram as frontes as mais bem amadas?
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