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Minha sogra me disse que, decorridos cinco annos, o marido escrevera desde S. Domingos a um amigo muito querido, que tinha em Portugal. A carta, porém, foi devolvida passados dias a Antonio de , com a seguinte reflexão do governador almirante: «Os escravos dos flibusteiros, se teimam em escrever cartas para Hespanha, correm o perigo de não poderem ler as respostas, quando ellas voltarem

Ajuntava que um dos tres navios, carregados de colonos, batido pela tormenta, se esgarrara do rumo, e fôra a pique na costa de S. Domingos, a tempo que duas galeotas de flibusteiros, conhecidos como demonios do mar, na linguagem da peninsula britannica, faziam aguada n'uma bahia d'aquella infamada costa, onde poucos annos antes haviam naufragado tres naus francezas, capitaneadas pelo audacissimo colonisador Robert Cavalier de la Salle.

Depois de preso alguns mezes, Antonio de foi chamado á presença do governador e perdoado. Prégou-lhe o francez um demorado sermão, recheado de censuras contra o feio crime de ingratos da laia d'elle medico, o mais venturoso homem que ainda tinha caído em unhas de flibusteiros, e homem de mais a mais filho das Hespanhas.

Ajuntava o informador que n'aquelle navio perdido iam fatalmente o medico e sua mulher, com muitas pessoas das mais graudas da colonia, algumas das quaes se presumia que tinham caido nas mãos dos flibusteiros segundo informações de um galeão hespanhol, que das pessoas embarcadas no navio perdido, até áquella hora, não viera noticia a França. Francisco d'Abreu, lendo a carta, disse á esposa.

Agora, vamos á historia do senhor Antonio de , meu sogro. Meu sogro, minha mulher e filho continuou Braz de Abreu foram remettidos á Martinica n'uma galé, que vogava com mais de cem homens. O capitão dos flibusteiros residia alli, como governador, e chamava-se Duparquet...

Um conhecedor d'aquelles mares reparou nos homens da patria, que se moviam vertiginosamente, e exclamou: São os demonios do mar! São flibusteiros! Vejam o que querem: morrer no mar ou no captiveiro d'aquellas bestas-feras? Ninguem optou por morrer no mar. Os passageiros da lancha, bebendo a morte a cada instante, conclamaram que antes queriam o captiveiro do que a morte horrivel de afogados.

D'um lado, aquelle naufragio horroroso, do outro os flibusteiros, que esperavam anciosos a prêsa, que se lhe ia entregar aos ferros.

Quando os hespanhoes da ilha de S. Domingos deram tento dos salteadores nas visinhanças das ilhas, tiraram-se da lethargia de suas riquezas, pediram tropas ao rei de Hespanha e fizeram guerra implacavel aos flibusteiros, matando-lhes muitos dos mais audazes.

O judeu, porém, mais desconfiado ainda que o seu protegido, respondeu affirmativamente ao commissario de Duparquet, e em vez de velejar para Martinica, mandou aproar ás ribas normandas e accender os morrões para incutir respeito ás galés de flibusteiros ancoradas na costa.

Nunca mais Antonio de escreveu ou tentou escrever para Portugal. O medico ia enriquecendo com as liberalidades dos flibusteiros; porém, um dia, achou-se roubado, não obstante ser pouquissimo vulgar o latrocinio entre elles. Seria porque ao portuguez ou hespanhol o consideravam estranho á sua tribu, e como tal indigno de se gosar dos foros de lealdade, que uns com outros guardavam.

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