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Folheando acaso a Revista Universal Lisbonense de 1845, li pela primeira vez a seguinte noticia: UM DUELLO DIGNO DE LOUVOR Porto 10 de maio de 1845. Snr. redactor. Peza-me o não ter sido testemunha ocular de um caso acontecido aqui, a 5, pelas 4 horas da tarde, e em que se há de fallar por muitos dias.
Desculpe-me, portanto, meu caro redactor, o eu ter estendido tanto a massa, como se costuma dizer, mas desagravel me seria, ter promettido falar de todos e deixar passar em claro algum d'elles.
Imagine, senhor redactor, em que lamentavel estado de espirito nós ficámos. Lord Grenley encerrou-se no seu camarote, eu e o capellão ficámos velando junto do cadaver. A tarde descia. Uma nevoa extensa cobria o mar. O rugido do vento era lugubre. Todos estavam profundamente apiedados. A velhos marinheiros, que tinham naufragado no mar da India e dobrado o Cabo, eu vi saltarem as lagrimas...
Soffram muito embora o rigor da miseria e da deshonra, mas por caridade, não exponham á morte os filhos, que não tem culpa da mais abominavel depravação.» O pobre redactor d'este jornal, ignora a razão porque em Portugal, e em quasi todos os paizes civilisados, as mulheres infelizes engeitam os filhos.
Para o Correio porei este caso em toda a luz possivel, para vêr se queimamos a Borbolêta, ou ella mesma se queima na sua impiedade. Tenha paciencia Senhor Redactor em aturar este, que he sem refolho. Inimigo declarado dos Impostores, e verdadeiro Constitucional. Segunda feira 29 de Outubro. «Impius facit opus instabile»
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