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Sabemos todos os que temos estudado esse periodo, o que era a plebe portugueza dos primeiros decennios d'este seculo não só ignorante como insubordinada, com certas qualidades excellentes mas degradada pela degradação das classes altas, cynicamente irreligiosa porque religião se não podia chamar o seu fetichismo grosseiro, e porque não encontrava tal sentimento entre aquelles que tinham por missão zelar o fogo sagrado.
*O anáthema, fragmento do «Syllabus». Angustias d'uma alma piedosa* «Malditos sejaes vós, Progresso e Liberdade! Gémeos filhos do Mal, irmão e irmã do Crime; Tu, que és um sacrilégio, abôrto da impiedade; Tu, que dás força á plebe e esmagas quem a opprime!
Funesta disse o general, franzindo medonhamente o sobr'olho. A côrte imperial veria ahi immediatamente uma ambição politica, o tortuoso plano de ganhar os favores da plebe, um perigo para a Dynastia... O meu bom amigo seria decapitado...
Mas como se organisa a republica? Aqui, á claridade de um sentimento divino, succede-se o nevoeiro dos systemas humanos. E o systema, o espirito systematico matou a republica. Rousseau, e atraz d'elle Robespierre, o bastardo de Rousseau, como disse Michelet, os Jacobinos, Danton e a Convenção, na energia do seu plebeismo, conceberam a republica como uma dictadura permanente, executada em nome da multidão pelos chefes da sua escolha. Foi assim que, julgando consolidar a egualdade, fundavam apenas o peior dos despotismos, o despotismo da plebe. A razão scientifica é facil de colher-se. Pela delegação aglomeravam todos os poderes, todas as forças collectivas no centro poderoso da republica una e indivisivel. Esse centro, e só elle, legislava, administrava, julgava, absorvendo no seu immenso pulmão o ar e a vida que devera animar o corpo inteiro da sociedade. Mas não se julga, legisla, administra sem força; e força tanto maior quanto mais concentrado está o poder, quanto mais tem que governar, que impor, por conseguinte, a vontade omnipotente com que o armou a nação. Mas impor a quem? á mesma nação! Contradicção estranha! a delegação tornou-se tyrannia: o suffragio universal converteu-se n'uma arma de dois gumes com que o povo, brandindo-a, se fere, e tanto mais se fere quanto mais valente é o braço com que a brande. O divorcio entre o governo e a nação succede-se rapido. Elle, armado com o seu direito, a delegação, quer ser obedecido e faz-se em todo o caso temido: ella, armada com a sua liberdade, accusa o governo de traição e tyrannia, revolta-se e a republica cae estrebuchando n'um lago de sangue. Qual dos dois tem rasão? nenhum d'elles ou ambos. Mas quem, com certeza, não tem rasão é o systema, o rude e estreito systema da unidade e da concentração. Tem razão Robespierre e têem-na tambem os thermidorianos que o guilhotinam: quem não a tem, em todo o caso, é Rousseau dando no Contracto social as formulas da Republica una e indivisivel. Ah! grande mas desvairado philosopho! a tua liberdade é a selvageria e a tua igualdade o despotismo!
O povo a tudo indifferente, em materia de recreação ao Divino era zeloso e irritavel como um tribuno da plebe dos nossos dias.
Crês, porventura, que é bello e generoso assentares-te em um throno que a relé do povo conspurcou de lodo e de infamia? A plebe era forte: embora. Mais forte era o tyranno de outrora, e baqueiou por terra. Devias deixar aos maus a consummação do seu crime e não o sanctificares tu. Devias confiar na Providencia, e arrojar de ti o manto de ignominia que sobre os hombros te lançavam.
E os grupos restantes, menos abastados, menos felizes, e menos poderosos, pelos haveres, mergulharam, por instincto, educação e costumes, no seio da plebe onde existem e jazem, quaesquer que sejam as vaidades com que pretendam esconder esta communhão de interesses, habitos e sentimentos.
Tolejando chimeras da sua mascavada jerarchia, cachoava-lhe o sangue como no empenho que, mezes antes, desvelára em nivelar-se com a plebe, no intento de lhe trepar aos hombros sordidos para de lá ser visto. E ahi, no atascadeiro da escumalha social, era elle mais nauseativo, porque toda a gente limpa se arreda do cerdo que sahe d'um esgoto, sacudindo-se.
Nada de transigencias! «Relaixae, corrompei, comprae as consciencias, «tudo que se vender como quem vende um trapo! «Da Lei faze leilão, e da policia um sapo. «E sobre tudo emfim sem trégoas nem piedade «ponde a saque e a terror as ruas da cidade «para prender sem dó a infame biltraria, «d'essa cafila vil da vã demagogia, «d'essa corja da Plebe hostil, extraordinaria, que inda pede mais pão, mais instrucção primaria!
Aqui tens, ó Justiça, a escoria dos seus Paes, a bocca da Traição, a bocca da Mentira, a penna tinta em fel que semeou a Ira, o Despreso, a Revolta, a Colera, o Desdem! Aqui tens quem cuspiu na Plebe sua Mãe. *A Justiça* Ha alguem que defenda o livido accusado?
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