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Este phantasma reconheci-o na amargura que tinha impresso na face assombrada, no atrophiamento da sua attitude, na sua mudez, no rir amargo que lhe circuitava os labios descorados. Ah! uma vez o tinha eu já visto crescer para mim, e me sentira estalejar com elle nas dobras de seu sudario. Vinte annos tinha eu.
Pois ahi tens tu um homem vivo, que teve relações directas com um phantasma. Propôr a senhoras uma historia de phantasmas é despertar-lhes a attenção, é fazer-lhes passar nas veias o estremecimento do enthusiasmo.
Lá, como cá, a censura é um phantasma de que todos se riem, e que só serve para descarregar os hombros dos empresarios, auctores, e traductores dramaticos da responsabilidade moral e legal dos seus envenenamentos litterarios.
Respondi emfim ao meu phantasma: «Que não ousava eu muito acreditar em apparições de Eccos para quem não fosse Narciso; mas que, se por milagre houvesse uma, nunca eu seria tão insensato como o filho de Liríope.» Até aqui podia eu chegar com a resposta sem me comprometter; para diante fôra já arriscar-me. Partiu. Fiquei aguardando com certo dessocego pela réplica. Chegou, correio por correio.
Tem v. s.^a muita rasão, meu fidalgo, retrocou o João Moedor com modos de triumpho, e com perdão de vocemecê, sôr Manuel dos Reis, sempre lhe direi que a historia do phantasma do Açude não é conto da carochinha.
Passou-lhe a febre da superstição; está agora no frio da incredulidade ¿Que lhe ha-de fazer? jazer-se com elle, até que do alto lhe venha o remedio. Existe um phantasma de altar, um phantasma de sacerdocio, um phantasma de vulgo fiel, um phantasma de culto; mas de Fé intrinzeca, nem um phantasma.
Sou a noite em que o mundo se consome: As cousas mais humildes e sem nome, As estrelas, os Deuses, tudo quanto Se amortalha na sombra do meu canto Que chora a sua eterna imperfeição! Sou tempestade, noite, solidão, O frio esquecimento, A sombra do luar bailando com o vento, Um gemido de nevoa, uma ternura, um ai, Phantasma d'uma lagrima que cáe. Ó triste solidão que me rodeia!
E desse turbilhão nevoento de sensações, vontades, e habitos; densas oscillações impalpapeis de penas, prazeres, e esperanças, prolongadas até ao extremo limite que meus olhos viam, surdia emfim um phantasma enorme que subia, subia até ao céo, tristemente involvido em pallida mortalha.
Este quiz desviar a vista, e o phantasma seguiu o movimento dos seus olhos; quiz tapar o rosto com as mãos, e as mãos fizeram-se-lhe transparentes, deixando vêr ainda a imagem da donzella serena como uma santa, triste como uma martyr, impassivel como o destino.
O phantasma branco, a moura encantada durante a enfiada de perguntas de João Bispo, approximara-se da margem do Douro, erguera os braços ao céo, como em supplica, e precipitara-se na corrente. Durante este movimento o bésteiro reconhecera naquelle vulto um ente querido, e ao grito, soltado como em adeus extremo ao mundo, juntara-se outro de angustia tambem.
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