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E depois de exgotar a garrafa, deixou-se cahir na cama, onde não tardou muito que adormecesse, porque estava completamente embriagado. Mauricio e Petra levantaram-se com o sol, e viram, com grande assombro, ao passarem pelo quarto de Ernesto, que as janellas estavam abertas. Sahiria tão cedo? disse Mauricio. E entrou no quarto. Ernesto dormia.

Mauricio comprehendeu o effeito das suas palavras, e, tirando a carta e o annel, entregou tudo ao hospede. Mas este annel é para tua mulher, disse Ernesto, fixando-o com um olhar penetrante. Mauricio sorriu-se e disse: Isso é uma joia bôa de mais para quem está todo o dia a trabalhar. Póde guardal-a. E de mais, Petra não sabe de nada, e olhos que não vêem coração que não sente.

Mauricio pegou com a mão trémula nos dez mil reales, apertou depois de encontro ao peito a mão do conde e, com olhos marejados de lagrimas e o parecer bastante commovido, disse: Mas que fiz eu para merecer tantos favores? Foi um homem de bem, um homem justo, respondeu o conde. Ah! a minha pobre Petra vae enlouquecer de alegria. Ella que dentro em pouco vae ser mãe!

Esta noite entrei no quarto para vêr se queria tomar alguma coisa, e encontrei-o com os olhos inchados, enegrecidos, como se tivesse chorado. Muito grande deve ser o seu desgosto. Mauricio guardou silencio; e como o homem tinha descarregado todos os objectos pagou-lhe, dizendo: Petra, a este homem alguma coisa de comer e de beber.

Chegou o mez de outubro, e Ernesto com os primeiros frios, apanhou uma recahida e perdeu por completo o appettite; apenas se levantava para se sentar na cadeira e d'esta para se metter na cama. Mauricio e Petra insistiram varias vezes com elle para o convencer a que chamasse o medico.

Mauricio pôz depois as duas espingardas ao hombro, levantou com os seus robustos braços Ernesto e encaminhou-se precipitadamente para casa, que não ficava muito longe. Petra ao vêl-o entrar pallido, coberto de suor, a respiração offegante e com Ernesto desmaiado nos braços, cujo rosto estava manchado de sangue, soltou um grito de espanto e disse: Que foi, Mauricio? Que succedeu?

Se a bôa Petra tivesse chegado n'aquella occasião e visto o perigo que o marido corria, certamente morreria de susto. Deus, evidentemente, que e premeia as bôas-acções, deu n'aquelle momento forças a Mauricio para chegar ao cume, salvando o hospede e salvando-se elle proprio.

Mauricio precisava sahir d'aquelle quarto para chorar desafogadamente; entrou na cosinha, contou a Petra tudo quanto se passára e acabaram por desatar em amargo pranto. N'aquella noite nem Petra nem Mauricio puderam dormir. De quando em quando vinham em bicos de pés até a porta do quarto de Ernesto, e espreitavam pelo buraco da fechadura.

Petra approximou-se do marido, e, baixando a voz, disse: Dize-me, Mauricio. Tu conhécel-o ha muito tempo? Sim, cacei com elle muitas vezes e sempre foi o melhor e o mais generoso homem do mundo. E tinha o vicio que tem agora? Não, Petra, antigamente não bebia bebidas brancas, bebia sómente vinho, e isso mesmo pouco. Hoje, como sabes, quasi todas as noites...

Vae com Deus e vem ámanhã, se te fôr possivel. Mauricio sahiu, despedindo-se da mulher, e encaminhou-se para Toledo, onde devia tomar o comboio de Madrid. Ernesto pegou na espingarda, chamou os seus cães Roma e Florença, e sahiu tambem em busca de perdizes, prevenindo Petra de que não viria almoçar antes do meio dia.

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