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O maior beneficio que lhe podemos fazer é deixal-o entregue á sua grande tristeza, á sua enorme e insanavel dôr. Julio de Montarroyo começou, pois, a ser uma figura estranha ás alegrias ruidosas d'aquella vida campesina, passada em convivencia intima de amigos. Os dias do melancholico amante de Helena de Noronha decorriam-lhe n'uma taciturnidade de espirito aterradora.

O sr. Velloso parou, e reflectiu; depois respondeu: Parece que dizes bem. Contarei primeiramente á Helena o succedido.

Para mim, Helena de Noronha soffreu grande abalo nas faculdades mentaes, antes de abandonar o pae, por quem era extremosa, e esquecer os sagrados deveres de filha, que ella se esmerava em cumprir sempre com uma religiosa pontualidade! V. ex.^a nunca mais teve noticias d'ella? Nunca mais.

Agora, Joaquim Theophilo, interpretando com gaiata solercia as palavras de C. G., genro de Garrett e editor de Helena: «Elle escreve alludindo á morte de Garrett: «Era um sol no occaso revendo-se na luz immensa com que alumiava a patria.» E em seguida: «extinguiu-se aquella existencia esplendida abraçada á cruz de Christo...»

Com effeito, v. ex.^a acaba de me contar pormenores que me eram de todo o ponto desconhecidos... Mas ainda isso não é tudo: é que sinto verdadeiramente um grande lenitivo em ouvir fallar de Helena de Noronha e de coisas que de longe ou de perto se relacionem com ella. Foi esse, e não outro, o motivo porque vim comprar a casa onde ella nasceu, onde se creou, onde se passou a sua infancia.

Em Lacedemonia foram venerados como heroes os Tyndaridas, irmãos de Helena, os gemeos Castor e Pollux, e em connexão com elles os Dióscoros, estrellas brilhantes propicias aos navegadores. O phenicio Cadmo foi o heroe fundador de Thebas. Era irmão de Europa. D'este tronco descendeu Laio, pae de OEdipo, o heroe tragico que assassinou seu pae; matou a Esphinge, e casou com sua propria mãe, Jocasta.

Mas, antes de reler-se o que elle disse, veja-se o que escreveu o editor de Helena, romance posthumo e incompleto do author de Fr. Luiz de Sousa: «Acabava o anno de 1854; ás primeiras cerrações do outomno inclinára mortalmente a fronte o snr. visconde de Almeida-Garrett, sentindo no coração os aggravos da doença que, dentro em pouco e para sempre, havia de apagar-lhe a luz dos olhos.

E fui eu que dei co'ella na estrada, como morta, sem dar por burro nem por albarda... E depois, n'um movimento de duvida: Mas olhe , ó sr. Julinho, a carta diz isso? Sem duvida, mestre, a carta é de Helena... Diz que está doente e pede a madre Paula que venha vêl-a... Agora... agora!

Os seus olhos faíscavam, tinham relâmpagos de cólera. Larga-me! implorou Helena. Não olhes para mim dessa maneira... Tenho medo! E porque tens tu medo de mim?! Aquilo não era uma altercação, uma scena de ciumes desagradável, uma simples desavença entre casados: era uma luta feroz, encarniçada, em que cada qual porfiava por levar o outro de vencida.

Em Portugal, quando estes ataques me annunciavam a morte, lembrei-me, muitas vezes, que o meu derradeiro olhar encontraria os olhos de v. excAqui, será a sua imagem, o seu retrato, que me sorri, aquelle retrato que v. excme concedeu a pedido da nossa pobre Helena... Não posso...

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