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Rematada a lista das falsificações, fraudes e ladroeiras dos lavradores e negociantes portuguezes, Forrester exclama: «Quem assim deteriora o vinho é, a meu vêr, mais criminoso que um ladrão vulgar»; e conclue o seu opusculo n'estes termos: «Os consummidores inglezes devem dar a Portugal uma lição prática, demonstrando que, se a esse paiz convém desfazer-se da sua agua-ardente, que não é nos vinhos do Porto que nos deve impingil-a; por que nós, em Inglaterra, podemos comprar baga e melaço por preços muito mais em conta do que Portugal nos incampa o seu licor de que esses ingredientes formam o principal

Bem bom negocio para o inglez está claro. Ora estes commensaes de Forrester, quasi todos vinhateiros, ignoravam, excepto dous ou trez, a lingua ingleza e desconheciam portanto o descredito com que o amphitrião mareára os seus vinhos no mercado de Londres; mas o governo, que possuia idiomas como um Calepino, pegou de uma corôa de barão e pôl-a na cabeça de J. James barão de Forrester.

Agora, sinto-me bem, muito desabafado. Talvez lhe deva a elle, á jeropiga desobstruente do Forrester, este desempacho da consciencia. Ha exemplos confirmados por aforismos de Hippocrates. Se chegaste aqui sem fastio, és um anjo de paciencia e de problematico bom-gosto.

Forrester, no seu folheto, desbaratava o valor do vinho do Porto, increpando os lavradores de não differençarem, no fabrico, as temperaturas humida, fria, secca e quente; que empregavam promiscuamente toda a casta de uva, adulterando-a com ingredientes adequados ao paladar inglez, mas corrosivos.

N'esta conjunctura, um possuidor de legitimo Douro convidou o intoxicado a beber o elixir fornecido por um commerciante britannico estabelecido no Porto. O negociante fornecedor era o Forrester que desappareceu d'este alfôbre de charlatães forasteiros, de um modo tragico, ha vinte e trez annos. Logo te contarei essa catastrophe, meu amigo.

O Forrester, muito fôfo e empantufado, com as suas fanfarronias poseuses, marrafa frizada e gravata branca assás conhecida, e mais os bofes anilados da camisa, nas illustrações da burguezia dos romances de Dickens, batia no peito enchumassado e na testa com as pontas dos dedos; e, com a cara açafroada em arreboes do Paraizo e das adegas do Pinhão, apontava, soluçante, para uma primorosa tela de Roquemont o retrato de sua defunta esposa que o contemplava do céo em moldura de talha dourada; e elle amava tanto aquella vera effigie, testemunha de suas lagrimas, que a trocou, e mais outros bonecos de barro por vinhos de Antonio Bernardo Ferreira.

Palavra Do Dia

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