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O illustre editor Ernesto Monaci ao estudar o manuscripto do Cancioneiro da Bibliotheca do Vaticano, n°. 4803, pelas referencias do texto e paginação de um outro codice ali intercalladas, reconheceu que deveriam ter existido duas fontes para este apographo. Nas suas investigações na opulenta Bibliotheca do Vaticano teve a felicidade de descobrir o Catalogo dos Trovadores portuguezes no manuscripto 3217, o qual combina na maior parte com o dos Trovadores do Cancioneiro n°. 4803, sendo as emendas d'este ultimo codice da mesma letra do indice escripto pelo philologo Angelo Colocci, erudito italiano do seculo XVI.

O corpo das canções de el-rei Dom Diniz occupava uma grande parte do codice de Dona Mecia de Cisneros; occupava tambem uma parte importante no apographo de Colocci, bem como no codice da Vaticana. O modo como esta grande quantidade de canções de el-rei Dom Diniz entrou em uma vasta compilação explica-se naturalmente, por isso que pelo catalogo dos livros de uso de el rei Dom Duarte acha-se citado o Livro das Trovas de el-rei Dom Diniz, do qual se pode inferir terem existido varias copias, por que o numero das canções varia entre as enumeradas no indice de Colocci e as contidas no codice da Vaticana, contando este ultimo cincoenta e uma canções a mais. Alem d'isso, na parte do codice que encerra as canções de D. Diniz, a canção 116 acha-se repetida outra vez sob o numero 174 com variantes e differente disposição de estrophes, o que denota que essa parte foi compilada de copias secundarias, mas classificadas, como vemos pelo titulo das Cantigas de Amigo dado a um certo genero de canções, especialmente de imitação popular.

A descoberta do Indice veiu authenticar a existencia d'esse Cancioneiro perdido e explicar pela letra do proprio Colocci, quem é que tinha feito o confronto. O numero das canções de cada trovador pode tambem ser confrontado, porque no Codice de Colocci as canções de Colocci eram numeradas por algarismos e cada nome de trovador é precedido pelo numero que limita as canções do antecedente.

Esta é a opinião de Monaci; não concordamos porém com a sua interpretação do trecho de Duarte Nunes de Leão quando este escriptor portuguez diz: "segundo vimos por um cancioneiro seu, que em Roma se achou, em tempo de el-rei Dom João III..." deduzindo que Nunes de Leão chegara a vêr esse cancioneiro; em primeiro logar, Nunes de Leão refere-se a um Cancioneiro seu, isto é unicamente de el-rei Dom Diniz, e não geral, como o de que resta noticia pelo Indice de Colocci e pelo apographo da Vaticana; isto é uma prova da informação vaga do chronista, e alem d'isso a phrase segundo vimos, significa: como se prova, como se deduz.

A connexão historica e a interpretação litteral mostram que a guarvaya do trovador portuguez é o mesmo facto ou costume bretão kyvarus; a verificação pelos processos da alteração phonetica pertence para outro logar. Em todo o caso este vestigio é um dos nexos mais intimos que se pode achar com o codice perdido de Colocci, em que estavam colligidos alguns lais bretãos.

Relações do Cancioneiro da Vaticana com o Cancioneiro de Angelo Colocci. Antes de Monaci haver descoberto no Ms. n°. 3217 o Indice do Cancioneiro perdido do erudito quinhentista italiano Angelo Colocci, ja elle determinara pela forma por que está escripto o Cancioneiro da Vaticana, que deveria ter existido um original mais antigo e mais completo.

Por este conteúdo do começo do Cancioneiro que pertenceu a Colocci, e por que no codice da Vaticana mais de uma vez se citam as formas poeticas bretãs dos lais, podemos concluir que esses cinco Lais pertenceriam ao Livro das Cantigas, o qual foi encorporado em uma grande collecção formando talvez a parte que vae até as canções de el-rei D. Diniz que eram tambem um cancioneiro avulso.

A epoca em que este codice entrou n'esta rica bibliotheca pode fixar-se depois de anno de 1600, por que os livros e manuscriptos de Colocci foram adquiridos pelo erudito Fulvio Orsini, que os deixou em testamento á Vaticana.

Tem este cancioneiro 56 canções similhantes no Cancioneiro da Ajuda, com variantes notaveis, signal que ambos os Codices se derivam de duas fontes diversas. Tem uma parte relativa a successos da côrte de Dom Affonso IV, que provem de cancioneiros extranhos e posteriores ao Cancioneiro da Ajuda. A ordem dos trovadores não é a mesma do Indice de Colocci.

No Codice da Vaticana agora publicado, acha-se um fragmento de canções de Fernão Gonçalvis, e sob o numero 338 outra canção de Fernão Gonçalves de Seavra, a qual corresponde segundo Monaci ao numero 737 do Codice perdido de Colocci.

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