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Em quanto Paulo de Azevedo respirasse livre, o amor proprio e a bolsa de Cabrinha padeciam, e não era elle homem que dormisse, quando o interesse o chamava com voz activa.
Parece uma photogravura. O exemplar onde vem este retrato pertence á selecta livraria que é hoje dos filhos do venerando juiz do Supremo Tribunal, o dr. Aguilar, bibliophilo apaixonado, como o seu parente conde de Azevedo, ambos fallecidos.
Em cavaqueira sábia e transcendente, o abbade de Macieira, pregador régio, um Massillon á altura do paiz, concordando com o theologista visconde de Azevedo, asseverava que Virgilio prophetisára o advento do divino Messias; e os dois, com as pitadas engatilhadas aos narizes rubros, recitavam alternadamente, com emphase: VISCONDE
Os clientes não distinguiam entre os dois, e alguns iam mais contentes da linguagem e escripta concisa e vigorosa do doutor novo. Já póde o senhor Azevedo, quando quizer, estabelecer-se sobre si lhe disse o velho um dia Ha de sobejar-lhe clientela, e está na carreira que leva á consideração e á fortuna. De mim é que já não precisa, meu caro amigo.
Agora é que havia de ser umas delicias ouvil-os, se D. Mafalda, vigilante observadora da passagem innocente, não mandasse um cavalheiro dizer a sua filha que fosse fallar-lhe. Corinna respondeu: Queira dizer á maman que eu vou já. Vá, minha senhora disse Azevedo. Não seja eu causa de sua mãe a desgostar. Não importa.... Eu queria pedir-lhe que não fosse tão infeliz...
Quero apertal-a cheio de admiração pela grande alma, que se nos acaba de revelar. Em todas as occasiões, succeda o que succeder, lembre-se de que tem um amigo, um irmão em mim! Menos no campo de batalha? accudiu o official sorrindo. Lá mesmo! Se as armas lhe forem contrarias.... Obrigado, mas!... E quem sabe?! A fortuna póde cansar-se um dia. Uma pergunta. Paulo de Azevedo!?...
Valentim da Costa tinha sido confessado e ungido n'aquella tarde. A sciencia retirara ante a irremediavel decomposição dos oitenta annos. Mas Corinna e Azevedo não podiam convencer-se de que o seu amigo havia de morrer assim, quando, a intervallos, o ouviam discorrer com o socego e energia moral dos mais saudaveis dias.
O doutor Pedro da Rocha de Gouvêa, irmão do precedente, desembargador do Brazil, e depois da supplicação, e cavalleiro da ordem de Christo. O doutor José Peixoto de Azevedo, desembargador dos aggravos, em Lisboa. O doutor Jeronymo Vaz Vieira, juiz das ordens militares, deputado da mesa da consciencia, desembargador dos aggravos, juiz da corôa, e desembargador do Paço.
Só ao moinho, aqui, veiu duas vezes! Ah! Se eu soubera! Partia-lhe outra perna. Não importa. O que não se acaba dia de S. Braz n'outro dia se faz. Não as perde. Antonio! Paulo de Azevedo não ha de entrar na cadeia da villa, nem na de Lisboa. Esta noite a «Casa Negra» terá outra historia talvez mais feia que juntar á sua. Aprompta-te! Á meia noite saímos.
Azevedo, vencido insolitamente de sua nobre paixão, fitou em cheio o rosto de Fernando, e perguntou: O senhor é pobre? Graças a Deus, não.
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