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Quem com sólido intento Os segredos buscar da natureza, Quanto d'Athenas préza, Entregue ao mar irado, ao leve vento: Em forjar meu tormento, Nova Philosophia, D'experiencias feita, Amor m'ensina. Das Leis do antigo tempo bem declina; Que Amor a natureza em mi varía; Donde escola de Sabios nunca vio Em natural sogeito Quanto Amor em meu peito descobrio.

Na vida foi como dizem, tão sogeito aos validos, que não teve acção, que se podesse chamar sua, e na morte, foi tão infeliz, que a não teve na Patria. Tudo o que escreveram os Authores, foi duvidoso, porque uns o fazem cazado, e outros lhe negam o cazamento; uns o fazem pusilanime, e outros valeroso.

Se por ventura vivo descontente Por fraqueza d'esprito, padecendo A doce pena qu'entender não sei, Fujo de mi, e acolho-me correndo Á vossa vista; e fico tão contente, Que zombo dos tormentos que passei. De quem me queixarei, Se vós me dais a vida deste geito Nos males que padeço, Senão de meu sogeito, Que não cabe com bem de tanto preço?

Porém, pois o destino trabalhoso, Que m'escurece a Musa fraca e lassa, Louvor de tanto preço não sustenta; A vossa, de louvar-me pouco escassa, Outro sogeito busque valeroso, Tal qual em vós ao mundo se apresenta. Este amor, que vos tenho limpo e puro, De pensamento vil nunca tocado, Em minha tenra idade começado, Tê-lo dentro nesta alma procuro.

Porém elle as dizia a outro peito, Mais, que diamante, inexpugnavel, duro: A lh'encarecia, a que sogeito O tinha em pena eterna o amor puro; Mostrava-lhe este n'alma mais perfeito, Quanto mais offendido, mais seguro: A Nympha mais segura tudo ouvia, Mas nada o duro peito commovia.

Mas o leal vaſſallo conhecendo, Que ſeu ſenhor não tinha reſiſtencia, Se vay ao Caſtelhano, prometendo, Que elle faria darlhe obediencia. Leuanta o inimigo o cerco horrendo, Fiado na promeſſa, & conſciencia De Egas moniz mas não conſente o peito Do moço illuſlre, a outrem ſer ſogeito.

Assi que quando a via ser perdida, A mesma perdição a restaurava: E em mansa paz estava Cada hum com seu contrário em hum sogeito. Oh grão concêrto este! Quem será que não julgue por celeste A causa donde vem tamanho effeito, Que faz n'hum coração Que venha o appetite a ser razão?

Deste as Irmãas em vendo o bom sogeito, Todas nove nos braços o tomárão, Criando-o co'o seu leite no seu leito: As Artes e as Sciencias lh'ensinárão; Inclinação divina lh'influírão Ás virtudes moraes, que logo o ornárão. Daqui nos exercidos o seguírão Das armas no Oriente, onde primeiro Hum soldado gentil instituírão.

Como, deſta prouincia que princeſa Foy das gentes na guerra em toda parte, Ha de ſair quem negue ter defeſa, Quem negue a Fe, o amor, o esforço & arte De Portugues, & por nenhum reſpeito O proprio Reino queira ver ſogeito? Como, não ſois vos inda os deſcendentes Daquelles, que debaixo da bandeira, Do grande Enriquez, feros & valentes Venceſtes eſta gente tam guerreira?

Mas não sei quem no peito m'affirmava Que por tão alto e doce pensamento, Com razão, a razão se me perdia. Assi que quando mais perdida a via, Na sua mesma perda se ganhava. Em doce paz estava Com seu contrário proprio em hum sogeito. Oh caso estranho e novo! Por alta e grande certamente approvo A causa, donde vem tamanho effeito, Que faz n'hum coração Que hum desejo, sem ser, seja razão.

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