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Por entre o barulho das rodas Vidigal gritou: Nunca! E contou que a publicação d'aquelles trechos na Revolução de Setembro quasi occasionára, entre Fradique e elle, «uma pega intellectual». Um dia, depois de almoço, em Cintra, emquanto Fradique fumava o seu chibouk persa, Vidigal, na sua familiaridade, como patricio e como parente, abrira sobre a mesa uma pasta de velludo negro.

Descobrira, surprehendido, largas folhas de versos, n'uma tinta amarellada. Eram as Lapidarias. Lêra a primeira, a Serenada de Satan aos astros. E, maravilhado, pedira a Fradique para publicar na Revolução algumas d'essas estrophes divinas. O primo sorrira, consentira com a rigida condição de serem firmadas por um pseudonymo. Qual?... Fradique abandonava a escolha á phantasia de Vidigal.

Era Fradique Mendes. Vidigal, alvoroçado, apresentou-me como um «poeta seu amigo». Elle adiantou a mão sorrindo mão delicada e branca onde vermelhejava um rubi. Depois, acariciando o hombro do primo Marcos, abriu uma carta que lhe estendia o porteiro.

E ás duas horas, dentro de uma tipoia, para que o macadam regado me não maculasse o verniz dos sapatos, parava na Havaneza, pallido, perfumado, commovido, com uma tremenda rosa de chá na lapella. Eramos assim em 1867! Marcos Vidigal me esperava, impaciente, roendo o charuto. Saltou para a tipoia; e batemos através do Loreto, que escaldava ao sol do agosto.

Roma queria tratar com o Imperio depois d'este ter recebido todos os sacramentos. Mesmo quando Monsenhor Vidigal annunciou ao Cardeal Secretario d'Estado o reconhecimento por D. João VI, a Santa não se moveu.

Concordei, contei a velha estima que me prendia a Vidigal, desde o primeiro anno de Coimbra, dos nossos tempos estouvados de Concertina e Sebenta.

S. exc.^a tinha mesmo ajuntado: «Não, senhor! não, senhor! Ha de entrar livremente, com todas as honras devidas a um classico!» E logo de manhã Pentaour deixaria a Alfandega, de tipoia! Fradique riu d'aquella designação de classico dada a um hierogrammata do tempo de Ramèzes e Vidigal, triumphante, abancando ao piano, entoou com ardor a Grã-Duqueza.

Era um moço com cabellos ralos e côr de manteiga, sardento, apagado de idéas e de modos mas que despertava e se illuminava todo quando lograva «a chance (como elle dizia) de roçar por um homem celebre, ou de arranchar n'uma coisa original»; e isto tornára-o a elle, pouco a pouco, quasi original e quasi celebre. N'essa noite, que era sabbado e de pesado calor, estava á banca, com uma quinzena d'alpaca, suando, bufando, a espremer do seu pobre craneo, como d'um limão meio sêcco, gottas d'uma Chronica sobre a Volpini. Apenas eu alludi a Fradique Mendes, áquelles versos que me tinham maravilhado Vidigal arrojou a penna, risonho, com um clarão alvoroçado na face molle: Fradique? Se conheço o grande Fradique?

Foi preciso que Vidigal se rebellasse contra esta demasiada exigencia e manifestasse sua profunda contrariedade para ser admittido, no dia 23 de Janeiro de 1826, a entregar suas credenciaes de ministro, ficando d'est'arte reconhecido o Imperio. Uma vez transposto este Rubicon, as relações diplomaticas tornaram-se faceis e correntes.

Muitas vezes eu lêra no Figaro os louvores de Anna de Léon, e sabia que poetas a tinham celebrado sob o nome de Venus Victoriosa. Foi por isso talvez que córei, intimidado, quando Vidigal, reclamando outro sorvete de leite, se offereceu para me levar ao surprehendente Fradique.