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Depois do chá Gonçalo, cançado e provido «de revelações», accendeu o charuto para recolher á Torre. Vossê não acompanha, Videirinha? Hoje, Snr. Dr., não posso. Parto de madrugada para Oliveira, na diligencia. Que diabo vae vossê fazer a Oliveira? Por causa d'uns sapatos de praia e d'um fato de banho da minha patrôa, da D. Josepha Pires... Tenho de os trocar nos Emilios, levar as medidas.

Videirinha arriscou uma duvida: Uma senhora tão bonita como a snr.^a D. Anna, e com aquelle sangue, assim casada com um velhote... Ha mulheres que gostam de velhotes por que ellas mesmas teem sentimentos velhotes! declarou o Gouveia, de dedo erguido, com immensa auctoridade e immensa philosophia. Mas a curiosidade de Gonçalo não se contentava. E na Feitosa?

E como não descortinavam o Fado com as quadras do Videirinha foi justamente uma das suas valsas, a Perola, d'uma cadencia amorosa e cançada lembrando a valsa do Fausto, que elle atacou, sem largar o charuto.

E eu com tanta curiosidade por aquelle tumulo aberto, com a tampa rachada... O môno soube resmungar que «eram historias muito antigas do Fidalgo da Torre...» Gonçalo ria: Pois essa historia por acaso sei eu, prima Maria! Sei agora pelo Fado dos Ramires, o fado do Videirinha...

E o cantar do Videirinha, elevado da alma, varou a muda ramagem das olaias: Os Ramires d'outras eras Venciam com grandes lanças, Este vence com um chicote, Vêde que estranhas mudanças!

Mas Gonçalo, que abominava aquella lenda, a silenciosa figura degolada, errando por noites de inverno entre as ameias da Torre com a cabeça nas mãos despegou da varanda, deteve a Chronica immensa: Toca a deitar, oh Videirinha, hein? Passa das tres horas, é um horror. Olhe! O Titó e o Gouveia jantam na Torre, no Domingo.

Córando, Videirinha balbuciou que «arranjára uma coisita, tambem n'um fado, para a volta do Snr. DoutorGracinha prometteu decorar, para cantar ao piano. Muito agradecido a V. Ex.^a... Creado de V. Ex.^a... Então até Domingo, primo Antonio... Está uma tarde linda. Até Domingo, em Craquêde, prima.

Videirinha, enthusiasmado, entoou logo outra nova, trabalhada n'essa semana a do sahimento de Aldonça Ramires, Santa Aldonça, trazida do mosteiro d'Arouca ao solar de Treixedo, sobre o almadraque em que morrera, aos hombros de quatro Reis! Bravo! gritou o Fidalgo pendurado da varanda. Essa é famosa, oh Videirinha! Mas ahi ha Reis de mais... Quatro Reis!

Deixa, que eu te cantarolo uma quadra, á bôa moda do Videirinha... Mas primeiramente um anjo... Grita ahi no corredor que me tragam um copo d'agua bem fresca do Poço Velho. Ensaiou as teclas, entoou versos, ao accaso, n'um esforço esganiçado: Ora na grande batalha, Quatro Ramires valentes... Gracinha desapparecera por uma fenda do reposteiro, sem rumor.

E elle, ás nove horas da manhã, com commissão de recenseamento!... Para esmagar bem o amúo, cingiu Gonçalo n'um rijo abraço. E até Videirinha, que de novo afinava a viola, se preparava para um solto descante ao luar, murmurou respeitosamente por entre abafados harpejos: Não vale a pena, Sr.

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