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Tenho eu mais uma vez de chamar em meu auxilio a fada que, de vez em quando, me ensina em segredo quaes os livros, que o rapaz mais deseja e de que eu mal sei dizer os nomes? Hei de ainda ouvir calado agradecimentos, que não mereço, e que elle mais de coração daria, a quem são de justiça devidos? Não, tio Vicente; não se trata agora d'isso.

No da Piedade foi magnanimo, como testemunham entre muitas Igrejas que fundou os Reais Mosteiros de S. Vicente de Fóra em Lisboa, o de Santa Cruz em Coimbra, e o de Alcobaça, aos quaes dotou de amplos Senhorios, e copiosissimos patrimonios.

E á mesa espalhou livremente a imaginação por Lisboa, pelos corredores de S. Carlos, por sob as arvores da Avenida, atravez dos antiquados palacios dos seus parentes em S. Vicente e na Graça, atravez das salas mais modernas de cultos e alegres amigos parando ás vezes deante de visões que considerava com um riso deleitado e mudo. Alugaria aos mezes, certamente, uma carruagem da Companhia.

Todos se lhe afastavam do caminho com respeito, senão com supersticioso terror. Fez-se alli dentro o maior silencio, silencio interrompido pelo som dos passos arrastados do Vicente sobre o lagêdo da igreja.

Não me appareças, que não quero ter-te na ideia, quando estiver a expirar! O morgado ficou transido de espanto e de consternação ao ouvir estas palavras. Ó tio Vicente!... exclamou, ajuntando as mãos pois eu que lhe fiz? Cala-te. Deixa-me passar, quero, como homem d'esta terra, protestar contra a iniquidade que tu e os teus praticam hoje, apedrejando aquelle a quem deveis tudo.

Vibrava na revolta sentimental dos poetas que, em relampagos de genio, previam a declaração da egualdade, queixando-se de que Deus fizesse deseguaes os homens, e lhes desse, impiedoso, olhos e sentidos para escolherem o melhor, e um coração para estalar de dôr; e se fosse poeta glosaria n'um sentimento vivido, para os enviar a Maria como um formidavel protesto, os versos de Gil Vicente: «Que el amor que aqui me trajo Aunque yo fuese villano, El no lo es

Ha por ahi muito rapaz intelligente e, a seu modo, instruido, que conhece mais ou menos Molière, Racine, Voltaire e até Rabelais e Ronsard, e que nunca leu um auto de Gil Vicente, uma canção de Camões, uma eglogla de Bernardim Ribeiro ou de Bernardes, uma carta de Ferreira ou de de Miranda.

Perdão, é que o Gil Vicente do theatro de S. João não é Gil Vicente mas Rabelais. Eu lhes conto. Quando se tractou de pintar o tecto do theatro, os administradores da casa a esse tempo perguntaram ao meu erudicto amigo o snr. José Gomes Monteiro se conhecia os retratos de João Baptista Gomes e Gil Vicente.

As cartas do seu André, que se estreára «e n'um discurso lindo, todo flôres...», eram cada semana mais curtas, mais calmas. Vicente Ramires apenas moveu, n'um gesto de vencida tristeza, a mão descarnada d'onde a cada momento lhe escorregava o annel d'armas.

Por isso foi que me lembrei... porém como não conviria que eu propria fizesse o presente, nem elle de mim o acceitaria, é que eu lhe pedi que o fizesse em seu nome. Mas falemos de outra coisa, porque me não posso demorar. Venho ás occultas e emquanto a minha gente foi á missa do gallo. Tio Vicente, um objecto muito grave me obrigou a procural-o a estas horas.