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Mas como as terras eram excellentes e criavam bem, e como, não sendo affrontado por competidores, elle as trazia quasi pelo que queria dar por ellas, o João da Ventosa continuava a amanhal-as, e a servir-se das officinas do palacio, e até de algumas casas do andar terreo.

Aldeãos corpulentos cabeceavam de somno ao calor do lume, e bocejavam de fome ao tinir dos pratos, que um creado do João da Ventosa principiava a pôr em cima da mesa. O João, sim, esse é que destaca de todo o grupo pela figura, pelos gestos, e pelo aspecto na realidade digno de exame. Será homem de quarenta e cinco annos, mas não inculca mais de trinta e oito.

Davam nove horas, e o fazendeiro da Aramanha, interpellando o João da Ventosa, perguntou alto aonde era o almoço, e se teriam tempo de o engulir antes da procissão? A resposta foi sumirem-se por uma travessa escusa, entrarem para uma especie de furna escura, immunda, e humida, e sentarem-se em mochos vacillantes á roda de uma mesa, cuja toalha bem mostrava nunca haver deixado os lençoes de vinho.

Manuel da Ventosa, que ficára em no topo inferior do estrado, sentia apertar-se-lhe o coração vendo a sua Bernardina no meio daquelle cahos de capotes e roupinhas, como uma avesinha do céu no meio de ninhada de sapos.

Á porta chamou o maioral e o abegão, e todos tres transportaram o cadaver para a cozinha. Duas horas depois batia á porta o sargento Cabrinha com os seus milicianos, e da parte da justiça pedia agasalho por aquella noite para elles e para os presos. O João da Ventosa, ao que parece, estava occupado, porque os deixou repetir o recado terceira e quarta vez.

Mas o Manuel Simões apontava-lhe para a cicatriz da bala, com que o ferira na cabeça, o João da Ventosa encolhia os hombros, e o Antonio da Cruz, grave e conciso, como um juiz do crime, mandava-o calar, jurando-lhe que a arvore e a corda estavam promptas, e não podiam esperar, e que a sua palavra, uma vez dada, havia de ser cumprida.

Se não vi nada?... Oh! redarguiu o dono da casa, tornando-se serio de repente, e fazendo suppor com a reticencia, que não tinha animo para dizer tudo. Conte-nos isso! accudiu um dos comensaes, que não era dos menos timidos, mas que era de certo dos mais curiosos. Para que? Para não dormirem umas poucas de noites?!... respondeu João da Ventosa.

Estava prompto a medir-se e a arcar com uma companhia inteira de milicias, mas o inimigo do genero humano tremia de cuidar que poderia encontrar-se com elle um instante! Ah José! disse depois de certa pausa. Então o sôr João da Ventosa é que levantou o corpo do Manuel e o levou para casa?... Estás bem certo? Viste?...

João da Ventosa respondeu ás gargalhadas, que de sua casa nunca saiam barrigas famintas, e gritando pelos creados, mandou trazer luz e accender o lume. N'este momento entrou o Sapo.

Ao mesmo tempo o João da Ventosa e o Manuel Simões, encontrando-se hombro a hombro com um marchante conhecido, homiziavam-se com elle a furto no retiro de uma tasca chamada loja de bebidas, para onde os iniciados se introduziam por um corredor estreito, disfarçado no fundo da entrada da casa, deante da qual se achavam. Até aqui corrêra tudo admiravelmente, mas o demonio depressa as arma.