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Se querias conservar intacta a reputação, se querias conservar o coração immaculado, porque trocaste o obscuro lar paterno pelo esplendor da côrte? Bem o vês; eu, que não sou stoico, ensino te as regras do stoicismo, e entretanto tudo quanto sei a ti o devo.

Não ves aquelle velho respeitavel, Que á moleta encostado, Apenas mal se move, e mal se arrasta? Oh quanto estrago não lhe fez o tempo? O tempo arrebatado, Que o mesmo bronze gasta. Enrugárão-se as faces, e perdêrão Seus olhos a viveza; Voltou-se o seu cabello em branca neve: lhe treme a cabeça, a mão, o queixo; Nem tem huma belleza Das bellezas que teve.

Os olhos elles valem Duas estrellas, bem vês; Pois vozes que a tua igualem Na doçura, na pureza, Na terra, não, com certeza; Agora no céo, talvez. Não ha assim perfeição, Não ha nada tão perfeito, Mas é um grande defeito O de não ter coração.

Mas, por que ainda te amo, apezar de tudo, e vim sem armas, porque não quero derramar o teu sangue, que sempre será precioso para mim, morrerás estrangulada ás minhas mãos, entre estas mãos que com tão ardente amôr te acariciaram nos dias felizes para mim. Vês como te amo, Desdemona? Sim, amo-te, e ainda te perdoaria, se tanto fosse possivel! Mas não é!

Mas na ponta da terra Cingapura Veras, onde o caminho aas naos ſe eſtreita, Daqui tornando a Costa aa Cynoſura Se encurua, & pera a Aurora ſe endereita: Ves Pam, Patane, reinos, & a longura De Syão que eſtes & outros mais ſugeita Olha o rio Menão, que ſe derrama Do grande lago que Chiamay ſe chama.

Bem ves as Luſitanicas fadigas, Que eu ja de muito longe fauoreço, Porque das Parcas ſey minhas amigas, Que me ande venerar & ter em preço, E porque tanto imitão as antigas Obras de meus Romanos, me offereço A lhe dar tanta ajuda em quanto poſſo, A quanto ſe estender o poder noſſo.

Vem d'alto gozar, lirio! Noite estrellada e tepida; A vista ao céo intrepida Lança, penetra o Empyreo. Dilata os seios tumidos; Larga este terreo albergue; Nas azas d'alma te ergue; Ergue os teus olhos humidos Que vês? Soes, de tal sorte Que os crêra tochas pallidas, Quando as guedelhas, madidas De sangue, arrasta a morte.

Venceste: sou teu, bem ves Quão facil foi a victoria! Cahi-te rendido aos pes. E sem disputar a gloria. Aos golpes da tua mão Expuz logo o coração! Venceste: sinto nas veias Correr o sangue agitado: Todo o fogo do passado nos sentidos me ateias. Submisso, humilde, sugeito Ao teu estranho poder Existe todo o meu ser!

Que não resas como eu, que nunca vi desfeito Dos compridos jejuns, nem macerar o peito; E que hospedas Satan, como o antigo Saul! Não vês como estou sempre erguendo ao Ceu os braços? O publicano então, disse, olhando os espaços: «Tambem os poços são voltados para o Azul

Vês aqui a vida, e a alma, e a esperança, Doces despojos de meu bem passado, Em quanto o quiz aquella que eu adoro. Nellas podes tomar de mi vingança: E se te queres inda mais vingado, Contenta-te co'as lagrimas que chóro.