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Não constando, porém, de acto ou diploma algum publico a separação legal do condado d'Henrique, antes pelo contrario, não se fazendo menção d'ella ajunctamento que antes de morrer, para deixar a Galliza a seu neto, e fazer acceitar D. Urraca por successora da monarchia, póde concluir-se que a independencia do conde foi apenas uma revolta, que as circumstancias das divisões intestinas coroaram de bom successo.

A supremacia de D. Urraca era tão pouco contestada que o arcebispo de Braga D. Paio, irmão do Lidador e dos Mendes da Maia, que tanto fizeram depois pela liberdade d'esta terra, pediu em 1121 á soberana de Leão e de Castella a confirmação do couto da cidade archiepiscopal. As duas irmãs eram inimigas. A paz entre ellas podia ser dictada por motivos politicos; do coração não vinha.

Os designios de D. Tareja e dos seus subditos eram manifestos. A necessidade de sujeitar Portugal não esquecia a D. Urraca. D'ahi resultou a guerra de 1121 na qual a rainha de Leão atravessou o Minho, chegou até ás margens do Douro, obrigou D. Tareja a encerrar-se no castello de Lanhoso, e ali a foi cercar.

Affonso Henriques tinha quatorze annos, quando no domingo de Pentecostes do anno de 1125 se armou cavalleiro na cathedral de Samora, terra que pertencia então ao reino de Portugal por cessão da rainha D. Urraca.

Fernando Peres de Trava, antigo official do prelado de Compostella, parente e amigo dos primeiros fidalgos de Galliza, era amante de D. Tareja, e governava por mercê sua o Porto e Coimbra. As relações d'este fidalgo na côrte de D. Urraca podiam ser favoraveis á mulher que elle amava.

D. Tareja fôra sempre ligada com esta parcialidade, como D. Henrique o fôra com Raymundo no intento da reciproca independencia, e se ficasse prisioneira da irmã, perder-se-ía um alliado importante para a execução dos planos contra D. Urraca. Soberanos e potentados estrangeiros, parentes da casa de Borgonha entravam na conspiração contra a esposa de Affonso de Aragão.

Mas este D. Henrique parece que tinha bicho carpinteiro, foi á Palestina, como se não tivesse por mouros com fartura, e, quando o sogro morreu deixando o throno á cunhada D. Urraca, que então era viuva, o bom do conde metteu-se em todos os barulhos que íam por Hespanha, para ver se apanhava mais alguma cousa para si.

Fazendo queixas de seu marido, o rei d'Aragão, a mesma D. Urraca dizia diante dos fidalgos da Galliza: «.....não sómente me deshonrou com palavras affrontosas, mas tambem é de sentir para toda a nobreza que me enxovalhasse as faces com as suas mãos immundas, e me désse pontapés

E no meio das tempestades politicas, que varreram o solo ensanguentado da Peninsula durante o governo de D. Urraca, teria decerto satisfeito essa arrojada ambição, se a morte não viesse ceifar-lhe os designios junto dos muros de Astorga. Apresentava-se ardua e arriscada a empreza, mas a filha de Affonso VI não desdizia das nobres tradições da sua raça.

Era indispensavel que os cavalleiros portuguezes seguissem de boa vontade as modificações da politica do conde borgonhez e de D. Tareja, e que sacrificassem a um principio geral as affeições e os interesses que podessem liga-los a D. Urraca, a D. Affonso, ou aos fidalgos gallegos. Essa necessidade reconhecida por todos dominava o animo dos portuguezes.

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