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Qual dos seus collegas da academia lhe parecia idoneo para tal mister? Comprehende-se o plano artificioso do rei; era ouvir dois ou tres nomes, e concluir que a todos preferia o do proprio U-Tong; mas eis aqui o que este lhe respondeu: Real Senhor, perdoai a familiaridade da palavra: são treze camellos, com a differença que os camellos são modestos, e elles não; comparam-se ao sol e á lua.

Sabe-se que elle mandou chamar os outros academicos, mas d'esta vez separadamente, afim de não dar na vista, e para obter maior expansão. O primeiro que chegou, ignorando aliás a opinão de U-Tong, confirmou-a integralmente, com a unica emenda de serem doze os camellos, ou treze, contando o proprio U-Tong. O segundo não teve opinião differente, nem o terceiro, nem os restantes academicos.

Em seguida, começou a fallar de cousas diversas, para que o principal assumpto viesse de si mesmo; fallou nas ultimas noticias do occidente e nas leis de Manú. Referindo-se a U-Tong, perguntou-lhes se realmente era um grande sabio, como parecia; mas, vendo que mastigavam a resposta, ordenou-lhes que dissessem a verdade inteira.

Era esta a duvida de Kalaphangko; mas a idéa da morte sombreava-lhe a fronte, emquanto elle afagava ao peito um frasquinho com veneno, imitado dos Borgias. De repente, pensou na douta academia; podia consultal-a, não claramente, mas por hypothese. Mandou chamar os academicos; vieram todos menos o presidente, o illustre U-Tong, que estava enfermo.

Com exemplar unanimidade, confessaram elles que U-Tong era um dos mais singulares estupidos do reino; espirito raso, sem valor, nada sabendo e incapaz de aprender nada. Kalaphangko estava pasmado. Um estupido? Custa-nos dizel-o, mas não é outra cousa; é um espirito raso e chocho. O coração é excellente, caracter puro, elevado...

U-Tong resalvou tão sómente o coração de todos, que declarou excellente; nada superior a elles pelo lado do caracter. Kalaphangko, com um fino gesto de complacencia, despediu o sublime U-Tong, e ficou pensativo. Quaes fossem, as suas reflexões, não o soube ninguem.

Kalaphangko, quando voltou a si do espanto, mandou embora os academicos, sem lhes perguntar o que queria. Um estupido? Era mister tiral-o da cadeira sem molestal-o. Tres dias depois, U-Tong compareceu ao chamado do rei. Este perguntou-lhe carinhosamente pela saude; depois disse que queria mandar alguem ao Japão estudar uns documentos, negocio que podia ser confiado a pessoa esclarecida.

Ao todo, trinta e oito cadaveres. Cortaram uma orelha aos principaes, e fizeram d'ellas collar e braceletes para o presidente vencedor, o sublime U-Tong. Ebrios da victoria, celebraram o feito com um grande festim, no qual cantaram este hymno magnifico: «Gloria a nós, que somos o arroz da sciencia e a luminaria do universo». A cidade acordou estupefacta. O terror apoderou-se da multidão.

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