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Se estivesse, andaria no campo a patinhar no gelo; teria feito grandes bólas de neve no alto da montanha, para as vêr despenhar-se no valle; em seguida voltaria a casa, e depois de ter almoçado junto do lume, subiria á trapeira para apanhar os passaros, que ali vão abrigar-se do mau tempo e procurar o sustento que não encontram nos campos cobertos de neve; e á noite, em quanto minha mãe estivesse preparando a ceia, contar-me-hia meu avô as suas façanhas da guerra da independencia.

A realidade tambem não na entende: solitario e pencudo, da vida se fartou com soffreguidão d'esta fonte que trasborda o sonho. Tem o olhar extactico e, mettido na trapeira com ignobeis calhamaços, deixa correr as suas idéas á solta como os rios. Assim, metaphisico e pobre, de raras palavras, deitou-se a amar a Mouca, escarneo de soldados. Nasceu para sonhar.

Tendo um passado politico, foi ministro depois de o ter. No nosso paiz isto é raro. Muitos escalam o poder pela trapeira; elle entrou pela porta da rua, e da primeira vez que foi ministro não passou do patamar da escada.

Sobretudo começára a reparar muito nas mulheres e vinham-lhe, de tudo o que via, grandes melancolias. A sua hora triste era ao anoitecer, quando voltava da escóla, ou aos domingos depois de ter ido passear com o caixeiro ao jardim da Estrella. O seu quarto ficava em cima, na trapeira, com uma janellinha n'um vão sobre os telhados.

O vento do sudoeste arrastava pelo céo as nuvens desgrenhadas, e chovia sem descanço. dentro da trapeira, tanta luz, tanta alegria! Noite de Natal! A toalha resplandecia muito branca sobre a velha mesa herdada dos avós, um nadinha coxa e remendada. Era um velho traste amigo, n'aquella noite todo enfeitado para a festa.

Era o meu vizinho da trapeira, um empregado de uma casa de penhores, feio, bexigoso e rachitico. Está o gaz acceso. São horas de começarmos a conversar. N'uma janella do outro lado da rua appareceu a cabeça pallida de uma rapariga, que de dia namorava o boticario e de noite conversava com o bexigoso. Muito boas noites.

Depois fecho-me n'esta trapeira alta, construida nos telhados e donde se vêem sêres admiraveis: labaredas verdes que se agitam e são arvores; nuvens pousadas sobre a terra com oiro a flux ou então d'um violeta desfallecido e são montes; e rôlos que correm vivos e fluidos e são rios. Muito tempo levei a decifrar-lhes o nome.

Não fui eu que açoutei as santas dynastias, ao chicote infernal dos chascos e ironias, que sibilam no ar qual feixe de serpentes... Jamais calumniei... Mentes, ó Velho! Mentes! Mentes, velho histrião d'um throno gasto e ôco! Mentes homem venal, mentes despota louco! Mentes servil plebeu, indigno latrinario! Tu foste n'outro tempo o irado pamphletario de pamphletos crueis na sordida trapeira!

Eu moro altivo é n'uma trapeira, Onde as pennas das pombas deixam rastros; Exposta todo o dia á soalheira... E onde passa dormindo a vida inteira, Nas visinhanças limpidas dos astros! Como na era feliz das serenadas, As graves castellãs nos seus balcões, E gothicas varandas recostadas... Vejo, em baixo, passar as cavalgadas, Os enterros e as lentas procissões!...

Ao lado mora-me um visinho manco Que faz dos sinos unico regallo... E gosa da união d'um saltimbanco, Que anda pintado de vermelho e branco, E toda a noute canta como um gallo. Defronte uma visinha costureira, Doce lyrio que treme a um vento vario... Que canta a manhã toda e a tarde inteira... E tem deixado para a trapeira Duas vezes fugir o seu canario!...

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