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Verdade era que podia ainda negar o depósito, e desembaraçar-se de Toucard, mentindo; mas... não se é honrado impunemente! Sim, senhor, respondeu com voz sumida. Pedro Toucard reteve um grito de alegria. Respirou estrepitosamente e aproximou a cadeira. Queira continuar, disse ele; sou todo ouvidos.

Foi desse modo que, entre perpetuas angustias, com a consciência oprimida e o espírito torturado, o senhor Germinal dotou e chamou noivos aos dois jovens. Vimos como surgira nesse momento Pedro Toucard, qual outro Desmancha-prazeres.

Conheço, respondeu o senhor Germinal, examinando as duas missivas. Eram curtas; tratavam unicamente de negócios e tinham a assinatura de Onésimo Toucard. Ambas as cartas começavam por estas palavras: «Meu querido irmão...» O pai de Rosa abriu uma gaveta, tirou de dentro a carteira do morto, e comparou a letra dos apontamentos com a das cartas. Não podia conservar a sombra de uma dúvida.

Obrigado, minha linda fada; heis-me rejuvenescido! Que significa isto? bradou o senhor Germinal. Caçoam comigo!.... Não sou aqui ninguém?... Com a breca!... O compadre, disse Toucard com ironia, é, como nós, hospede do senhor Nuavias; e, nessa qualidade, seria de mau gosto fazer bulha em sua casa. Mas... acrescentou, interrompendo-se de súbito, que é aquilo?... que vejo eu ali? Onde?

Àquele contacto, Pedro Toucard, fez-se rubro; as fontes e a testa inundaram-se-lhe de ardentes gotas de suor, vapor condensado da terrível luta que nele se travava entre a vergonha e a fome. Os olhos, de um pardo esverdeado, tornaram-se-lhe húmidos e brilhantes.

O senhor Germinal começou pela narração do seu triste encontro com Onésimo Toucard; contou a vida que levara durante onze anos, as suas más tentações reprimidas, as suas esperanças, os seus receios e os seus desalentos. Quando acabou, André disse-lhe friamente: Muito bem: o dinheiro foi reembolsado, a sua consciência ficou em repouso; está tudo o melhor possível.

O provençal falava com dificuldade, procurando as palavras e pensando noutra coisa. As suas feições expressivas revelavam a maior irresolução. Apesar do banho que se aplicara, corria-lhe o suor da fronte. André Sauvain não se contentou com tão sucinto esclarecimento. Mancebo, lhe disse Pedro Toucard, venha comigo a três passos daqui, quero dar-lhe duas palavras.

Com mil amarras!... Ora passear, mais as suas contas de boticário! exclamou Pedro; atirando fora o papel. Toma-me por algum sovina?... Aqui tem o maço, tire o que quiser. O senhor Germinal endireitou-se com altivez. Não aceitarei um soldo, sequer, a mais do que se me deve! disse ele. Pedro Toucard insistiu vivamente. O senhor Germinal resistiu com firmeza.

Uma resolução firme substituíra todas as suas indecisões. O seu programa era: 1.º Encontrar Pedro Toucard: o que devia ser fácil, vista a excentricidade da sua pessoa, e a atenção que não podia deixar de atrair sobre si. 2.º Fazer-lhe restituir o dinheiro, que levara.

André, silencioso, envolveu o aventureiro num longo olhar de tédio. Não, replicou por fim. Não me esqueço de que foi amigo de meu pai; não me esqueço desta carta... a única acção honesta da sua vida! Não me vingarei, senhor mas, pelo amor de Deus, retire-se! Apesar da sua casca grossa, Pedro Toucard sentia-se enternecido.

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