United States or Northern Mariana Islands ? Vote for the TOP Country of the Week !


Thiers dizia em 1848 perante a assembléa nacional, n'um paiz onde o credito publico mal se poderia comparar com o nosso: «Basta que um papel se introduza n'um paiz como nota de banco para se me tornar suspeito». Nós os portuguezes não suspeitamos: descremos. E esta descrença matará todas as tentativas; porque o credito nem se improvisa, nem se decreta.

Vejam-se Goethe, Miguel Angelo, Hugo, Beethoven, Talleyrand, Thiers e tantos e tantos mais.

A resposta é facil, lembrando-nos que, quando por seu turno o snr. Thiers, esse homunculo de estado, bombardeou Pariz, os parizienses apressaram-se a destruir o palacete do snr. Thiers. Foi Arabi que ordenou o incendio de Alexandria? Não, evidentemente.

Thiers foi o medico chamado á cabeceira da França no momento em que as feridas do corpo nacional sangravam dolorosamente sobre as ultimas purpuras encontradas nas Tulherias. Comprehende-se o que seria governar assim.

A republica, menos generosa que o cesarismo, apesar de não menos opulenta, cede galhardamente a cada familia o cadaver d'um homem que lhe pertencia. A França escusava de derramar tanto sangue para ficar como estava. Mr. Thiers e recebe condecorações como Luiz Napoleão. Os jantares e os bailes do palacio da presidencia arremedam os jantares e os bailes das Tulherias.

Não esqueçamos porém quanto é moderno este enthusiasmo pela democracia que não partilharam aquelles mesmos que mais concorreram para o estabelecimento dos governos populares. «Tocqueville considerava a democracia como inevitavel, mas observava a sua approximação com desconfiança e receioThiers acceitou a republica sendo monarchico; acceitou-a e, o que é mais, defendeu-a nas horas de maior perigo. «Grote fez o melhor que pôde para explicar e dissipar a mediocre opinião que professavam, quanto á democracia atheniense, os philosophos que enchiam as escólas d'Athenas; e entretanto é um facto que os fundadores da philosophia politica, collocados em presença da democracia, consideravam-na como uma fórma de governo, posto que ella estivesse então em todo o seu vigor juvenil

Assim estava a França: isto fez Thiers. Foi elle, o dictador da palavra, que provou ao mundo que para os cadaveres das nações como para os cadaveres dos homens tinha a physica descoberto o galvanismo.

Levantou dois emprestimos que provam que o credito da França bastaria a encher todos os thesoiros da Allemanha. E reergueu os edificios derrubados pelo inimigo ou pela Communa e, o que é mais, reergueu a patria, sustentando um difficilimo equilibrio politico nas frequentes e perigosas oscillações d'um governo provisorio. Isto fez Thiers: isto fez a dictadura da palavra.

Thiers salvou a França, suffocando a Communa, e fazendo cahir o braço fratricida armado para a guerra civil. Isto ainda o não conseguiu a Hespanha, que manda as legiões de Madrid combater as guerrilhas da Navarra. A Communa era o incendio, o saque, o fusilamento, e, para vencer todas estas calamidades, claro está que era preciso oppor-lhes pelo menos outra: a morte.

E o auctor do Brazil, não metteu o bisturi na chaga: o mau systema da colonisação, as leis barbaras que a matam. O historiador não deve ser injusto. Thiers, antes da guerra assolar a França, previu os males da sua patria. Deixou por isso de ser o primeiro entre os francezes?