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O Joaquimsinho de Thayde assevera que a viu de longe; mas não se atreveu a aproximar-se, apavorado pelo mysterio que cerca a desconhecida e que vae formando lenda. Então ninguem se atreve a aproximar-se d'ella e a interrogal-a? disse Julio. Ninguem.

Acredito... Porque não hei de acreditar, se o que elle conta é a confirmação dos boatos de que v. s.^a se fez echo? Oh, minha senhora! mas repare v. ex.^a que: eu apenas contei como extravagante phantasia dos habitantes de Thayde o rumôr que corria entre elles de que apparecia na Senhora do Porto uma alma do outro mundo.. a alma da D. Rita de Briteiros.

Atravessei Quintella sob uma chuva violenta e, quando cheguei a Thayde, o temporal desencadeou-se n'um vendaval desfeito. Ainda assim, não parei. O meu fito era ganhar a Senhora do Porto e surprehender o mysterioso vulto no extasis da oração.

Seja como fôr decidiu elle irei certificar-me do que se trata. Se é um conluio de malfeitores que pretendem por esta fórma espalhar o terror no sitio e apavorar os credulos habitantes de Thayde, para mais á vontade effectuarem o assalto e o roubo, a auctoridade ficará sabendo com quem tem de se haver.

Disse-me o Joaquimsinho de Thayde que o regedor é o primeiro a recolher a casa ao cahir da noite, tomado de um terror supersticioso... Para aquella gente, é ponto de que se trata da D. Rita de Briteiros, morta ha dois mezes, com fama de ter envenenado o irmão e a cunhada para lhes herdar os bens. E o regedor de Thayde não quer nada com almas do outro mundo..

Mas, pensando que talvez a tempestade tivesse retardado a vinda á penitente, resolvi-me a esperar alli, até de manhã, para poder testemunhar com verdade até que ponto os terrores da gente de Thayde tinham fundamento, ou então que todas essas atoardas de uma phantastica apparição não passavam de grosseira patranha de torpes invencioneiros.

Uns querem que seja a alma penada da D. Rita de Briteiros que anda pela Senhora do Porto a espiar os seus peccados, que eram muitos... Outros pensam que, embora aquelle mysterioso vulto apresente fórmas humanas, é comtudo um enviado do espirito das trevas para attrahir alli algum dos incautos habitantes de Thayde e leval-o em corpo e alma para o inferno...

Vou d'aqui prevenil-o e estou bem certo que não ha nada, ou, se ha alguma coisa, não levará muito tempo que não saibamos tudo. O aldeão encarregado pelo padre Manoel de vigiar durante muitas noites seguidas o templo e immediações da Senhora do Porto nada pôde observar que confirmasse a narrativa de Julio de Montarroyo, nem sequer os boatos que corriam entre os aldeãos de Thayde.

Julio de Montarroyo não é d'aquellas que se curam com synapismos e xaropes receitados pelo medico. O que quer então v. ex.^a que se faça? Que v. s.^a cumpra o que prometteu... Que encarregue alguem de sua confiança para vigiar o templo da Senhora do Porto e vêr se realmente Julio de Montarroyo tem razão e os habitantes de Thayde tambem...

Não é d'esta natureza a mysteriosa penitente que traz sobresaltados os habitantes de Thayde, creio eu, porque desapparece e esconde-se, aos primeiros clarões da aurora, nas covas do monte, sem que ninguem conheça onde se occulta.