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Que eu saiba, ainda não lhe disse fala pró bem nem pró mal. «Que desaforado! O que elle precisava sei eu!... Uma rapariga como a nossa Terezinha!... Crédo, santo nome de Jesus! Mal empregada é ella para tal libertino, que veiu mesmo perdido da tropa!... « isso, ó Gertrudes, mau rapaz não é elle, e tem o seu bocadinho... «Ah, mas tem uma cabeça mais leve!

Quando a via, nem sequer pensava na Terezinha, que se ia finando lentamente ao compasso triste e monotono do seu tear caseiro. E, no fim de contas, para falar a verdade, a Maria era tambem uma bôa rapariga, que nunca tivera outro conversado. Nem havia lingua danáda de velha de soalheiro que se atrevesse a debicar nos seus créditos. Alegre, sim; rir com todos, !

«Bôa rapariga, sobre isso não havia duas opiniões; mas a Maria é que estava a calhar para um homem de trabalho, uma mocetona daquellas que era capaz de voltar um campo sósinha. Os homens votavam pela Maria, bela mulher para tudo e forte como uma torre. As mulheres, essas eram pela Terezinha, delicada e amavel, pondo sorrisos de aquiescencia onde a outra tinha ruidosas gargalhadas de troça.

Por felicidade, as duas raparigas que o Manoel trazia debaixo de vista agradavam por igual á velha Clara assim tinha liberdade para á vontade consultar o coração. Uma, Maria Tereza a Terezinha, como lhe chamava quando acertava de a topar no seu caminho era afilhada da fidalga e pelo palacio se tinha criado com mimos e delicadezas que as outras não conheciam.

Emquanto os sinos cantavam na manhã clara, de sol radioso e céo azul em festa, as alegrias do casamento da Terezinha com o Manoel da Clara, a caldeirinha magica tilintava o seu risito escarninho e macabro e todos a consideravam com admiração e respeito pelo sobre-natural. A Maria, agora feiticeira conhecida e apontada por todos, não canta nem vai ás romarias.

Alguns mêses depois, os sinos da antiga igreja matriz repicavam freneticamente mostrando o entusiasmo do sacristão pelo casamento do Manoel com a Terezinha da Zéfa do Padre. A noiva ia radiante, mais linda do que nunca.

Tudo querem para elles, aquelles ladrões!... Parece que ainda estou a vêr a Terezinha ir a correr contar á fidalga e vir logo com uma abada de pão ou de fruta, ou umas batatinhas, ou uma tigelinha de papas e o bocadinho de carne!... «Pobre Terezinha, tão mimosa foi da madrinha e agora tão triste a vejo! «Mas aquelle maroto não lhe dizer nada é o que me no gôto!...

Olhe que lhe ouvi eu dizer que primeiro estava ella, que o namorava ha muitos anos, ainda antes de elle ir para a tropa, e que nunca a lesma da Terezinha o havia de apanhar! Desculpe, senhora Zéfa, aquilo é uma atrevida, uma doida!... Pois de que raça ella é!... «E o que é certo é que vai levando ávante o seu intento; tem artes do demonio!...

De quando em quando, uma palavra ou outra feria-lhe o ouvido, chamando-o á realidade, aos repelões, sobresaltando-lhe ainda mais a alma amarfanhada. Por vezes a imagem da Terezinha, com a sua esbelteza delicada, o seu vestido escuro de luto aliviado, o sorriso maguado da sua bôca virgem de beijos, se começava a esboçar na sua memoria.

«Muito obrigada. Assim ella quizesse!... Bem se fazia um defumadoiro que a livrasse daquelle enguiço. Assim continuaram em conversa larga, cheia de combinações e reticencias, que muito as interessava, emquanto a Terezinha dentro de casa trabalhava na teia branca, que parecia sempre a mesma, eterna como as suas máguas.

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