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Todos estes sinaes, que não se vião Nas Auroras a esta antecedentes, Algum damno mortal nos annuncião. Eu não sinto o que seja: se o tu sentes, Não te seja o dizer-mo mui penoso; E entenderei por ti taes accidentes. SOLISO. N'outro tempo me fôra deleitoso Por extremo, Sylvano, gôsto dar-te; Mas todo gôsto agora me he nojoso.

Nós veremos por annos infinitos Nos altos troncos destas faias bellas Os nomes vossos por memoria escritos. Os vossos premios recolhei, pastores: Cada qual igualmente o seu merece; E ambos d'Apollo os mereceis maiores. Recolhamos o gado; que anoitece. SOLISO e SYLVANO.

Bem sei que o meu descanso pretendias; E a mesma confiança faz negar-te O que destes sinaes saber querias. SYLVANO. Não queiras mais, Soliso, prolongar-te; Pois pende o gôsto meu da tua vida: Se corre risco, dá-me delle parte. SOLISO. De todo a sinto ja desfallecida Nas lembranças daquella breve historia, Que foi para meus males tão comprida.

O seu poder juntou, sua valia Amor, ja não soffrendo este desprêzo, Somente por se ver dellas vingado; Mas, vendo-as, entendeo que não podia De ser morto livrar-se, ou de ser prêzo, E ficou-se com ellas desarmado. Nos braços de hum Sylvano adormecendo Se estava aquella Nympha qu'eu adoro, Pagando com a boca o doce foro, Com que os meus olhos foi escurecendo.

SYLVANO. Não sei por que razão nos amanhece Este dia dos outros differente, Com que toda a alegria s'entristece. O manso gado vejo, que contente Buscando hia nos campos a verdura, E dos rios a limpida corrente: Agora triste errar pola espessura, Alheio d'herva verde e d'ágoa fria; Sinal d'alguma grande desventura.

Mas nesse teu error vejo que acertas; Porque com nenhum mal deve turbar-se Quem delle esperanças logra certas. SYLVANO. A quem, Soliso meu, de declarar-se Com outro em casos taes falta vontade, Nunca faltão razões para escusar-se. Não sei donde te vem tal novidade; Pois negando-me agora o que te peço, Suspeito que me negas a amizade.

Que despois que me falta a formosura Daquella illustre Nympha, que contente Pudera bem fazer a noite escura, Foi-me faltando o esprito juntamente: Em suspirar gasto a noite e dia, Sem me fartar de ver-me descontente. SYLVANO. Novidade maior em mi sería O espantar-me de ver-te estar queixando, Que o ver em ti desejos d'alegria.

SYLVANO. Declara-me que cousa tens perdida, De que tanto te queixas; que ao que sento, Natercia destes valles he partida. SOLISO. Quão livre falla aquelle que o tormento Alheio de fóra, mas não sente Onde chega tamanho sentimento! A gloria qu'eu perdi não me consente Palavras naturaes, razões expertas, Que possão declarar a dor presente.

Oh formosa Natercia! a excelsa altura Do glorioso Olympo andas pizando; E eu ausente da tua formosura! SYLVANO. Qu'he isso, que do ceo estás fallando? Parece-me que ja não es Soliso, Ou que de puro amar vás delirando. SOLISO. Quem ja perdeo aquelle doce riso, Que siso produzia e dava vida, Não he muito que perca a vida e siso.

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