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Um dêles, com quem viveu muito tempo, não via na Suze um animal de vício em quintessência, e, estúpido, não lhe sentia a graça esparrinhando génio: era apenas sentimental e jogador. Outra qualquer, para o prender, faria comédias românticas, e decerto orientaria o seu comércio por êsse fundo fadista e namorisquento. A Suze não. Parecia-lhe demasiado reles, insuportávelmente folhetim.

Família?... Nunca quis saber de ti: contaste-mo sem queixa, simplesmente. Disseste como sempre: é um detalhe... Que fica de ti, Suze? A memória da pele é passageira, e é muito incerto que a tua graça dourar uma saudade. Ninguêm irá ao teu enterro, e ainda bem! Por tua causa, ninguêm se irritará jantando

Parou. Eu recebi num beijo o fumo do Laferme, e a Suze concluiu: Que importa isto!

Foste um génio incompreendido, Suze.

Se o traía, explicava-lhe com um ar vago e superior... que era para lhe dar chance; e todas as noites o desgraçado vinha implorar da Suze, aninhada num divan, com um pequenino ar de sibila delfica, um pouco de sorte por amor de Deus!...

Quando depois mais de perto a detalhei, achei-lhe um não sei quê de transido, de parado, espécie de kakemono, espécie de bébé enorme, enigmatico, aflictivo, como um caricaturista-poeta criaria, num instante de emoção e febre, de quimera e riso. Pobre Suze! Era pálida, pálida, no seu roupão de noite, sem as rosas do maquillage que ela tão subtilmente esmaecia. Pobre Suze!

Êsses porém, eram raros, muito raros. Com uma intuição divinatória, balzaquiana, a Suze adivinhava

Pois se esta noite mesmo, ao começar a escrever, ao pensar em ti na tua morte, Suze! eu fui palhaço, eu quebrei em esgares a emoção, e mimei um ar gelado, irónico, impossível, quando queria chorar perdidamente, quando queria beijar os pés ao teu cadáver...

Tôda a vida morreu p'ra mim: a seiva gelou nas veias das árvores; o mar que eu amei tanto, não me importa. A vida agora é êste horror: uma sala de morgue, mesas ovais de mármore, cadáveres sem nome, esquecidos, e entre êles, Suze, o teu cadáver. Como irás tu p'r

Se em vez de analisar, eu me entregasse; se eu esquecesse os livros e os outros e te falasse tão naturalmente como o meu sangue fala nas artérias... Quem sabe!... Talvez, Suze, se eu fôsse o que não viste, o que te fala agora... Porque eu lembro-me, eu lembro-me. Duas horas houve que nós vivemos um no outro, fora do espaço, fora do tempo... Tu bem sabes, tu lembras-te. Era madrugada.