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Não pôde então conhecer quem fôsse a estranha penitente? aventurou-se a dizer D. Aurelia. Os meus olhos não puderam distinguir-lhe as feições, mas o meu coração reconheceu-a. Era Helena, era a filha de Norberto de Noronha, a antiga herdeira d'esta casa, a penitente que eu surprehendi esta noite em Nossa Senhora do Porto!

«Surprehendi minha mãe, sentada á sombra da carvalheira da porta, relendo as minhas ultimas cartas, escriptas com a ternura da alma alumiada pela alva d'um melhor dia. Ao contacto do peito da virtuosa, senti exuberancia de saude, de alegria, e de uncção religiosa. Então me considerei estreado em nova existencia.

Usava no olho direito um vidro, sem aro, sem cordel, e tão fixo que parecia natural como a palpebra. Nem um momento o surprehendi sem aquelle vidro, e cheguei mesmo a pensar que dormia com elle cravado na orbita.

Com tudo, nunca lhe surprehendi essas maneiras meio-zombeteiras e seductoras que são a falsa linguagem da lucta de um coração abalado com um espirito indeciso; maneiras que desfarçam e colorem as concessões, e irritam a esperança sem desanimal-a. Mas como é que a presença do seu amante a não perturbava nunca? Bem podia eu fital-a até cegar na fixidez do olhar, que ella parecia não me vêr nunca.

Nenhum d'estes sentimentos elle me confessou; mas todos lh'os surprehendi, transparentemente, n'um dos derradeiros Nataes que vim passar á rua de Varennes, onde Fradique pelas festas do anno me hospedava com immerecido esplendor.

A desculpa que eu dei a mim mesmo, quando apesar de todos os meus protestos me surprehendi a seguir a senhora de negro, foi a desculpa da curiosidade.

Coitaditos! dizia elle Ó Anna, quem me cassára a mim no tempo em que eu fazia o mesmo ás macieiras do parocho da minha terra! De uma vez que os surprehendi na figueira do passal, lembrei-me com saudade de um assalto que eu dei tambem vae isso ha um bom par d'annos! a uma cerejeira... Eu conto a historia: *

E foi assim que lentamente surprehendi o segredo da sua natureza; a sua clara testa que o cabello descobre, tão clara e lisa, logo me contou a rectidão do seu pensar: o seu sorriso, d'uma nobreza tão intellectual, facilmente me revelou o seu desdem do mundanal e do ephemero, a sua incansavel aspiração para um viver de verdade e de belleza: cada graça de seus movimentos me trahiu uma delicadeza do seu gosto: e nos seus olhos differencei o que n'elles tão adoravelmente se confunde, luz de razão, calor de coração, luz que melhor aquece, calor que melhor alumia... a certeza de tantas perfeições bastaria a fazer dobrar, n'uma adoração perpetua, os joelhos mais rebeldes.

Era com delicias, com um consolado sentimento de estabilidade recuperada, que enterrava os grossos sapatos nas terras molles, como no seu elemento natural e paterno: sem razão, deixava os trilhos faceis, para se embrenhar através de arbustos emaranhados, e receber na face a caricia das folhas tenras; sobre os outeiros, parava, immovel, retendo os meus gestos e quasi o meu halito, para se embeber de silencio e de paz: e duas vezes o surprehendi attento e sorrindo á beira d'um regatinho palreiro, como se lhe escutasse a confidencia...

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